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Europeias: porque voto e em quem voto

Eu estarei do lado da minoria que comparecerá à chamada

É quase certo que no próximo dia 26, dia das eleições para o Parlamento Europeu, a maioria dos eleitores portugueses tenha um domingo igual aos restantes domingos do ano, abdicando da mais eficiente forma que têm para castigar quem não correspondeu às suas expetativas em termos de desempenho no exercício de cargos públicos.

Eu estarei do lado da minoria que comparecerá à chamada e que fará questão de exercer o seu voto. Faço-o convictamente e fá-lo-ia ainda que tivesse de prescindir de algo importante. Só por razões verdadeiramente impeditivas faltaria a esta chamada tão importante.

Faço mesmo questão de votar, porque

é um direito e os direitos não se alienam; antes pelo contrário, preservam-se a todo o custo;

o direito ao voto dá a cada cidadão o mesmo poder, a mesma força: na mesa de voto somos todos iguais;

é um dever e, na minha opinião, a realização dos nossos deveres engrandece-nos, dá-nos tranquilidade e ajuda-nos a viver melhor connosco e com os outros;

apesar de tantos maus exemplos de políticos no exercício de cargos públicos, continuo a acreditar que há muitos outros que, com a sua entrega e dedicação, são vitais para a construção de um futuro melhor para a humanidade.

É nestes últimos que voto, porque sei que defendem uma Europa

em que a riqueza seja repartida de forma equilibrada e justa;

onde todos tenham um emprego que respeite os seus direitos laborais fundamentais;

que se preocupe com o Planeta Terra e procure leis que contrariem os que, num ímpeto voraz, a destroem;

ofereça serviços públicos de qualidade a todos os cidadãos;

que respeite a autonomia das nações;

que substitua a cegueira financeira pela economia solidária;

que valorize a cultura, a ciência, a investigação, as artes, o desporto;

que promova a formação contínua dos cidadãos;

social, em que ninguém seja abandonado à sua sorte;

que combata os autoritarismos e os extremistas e defenda, verdadeiramente, a democracia;

inclusiva, multirracial, multicultural;

que combata a xenofobia, a homofobia e a desconfiança em relação a quem é diferente;

que respeite as minorias e tudo faça para as integrar sem que percam a sua identidade;

que defenda a cooperação entre todos os povos, sem sobreposição de uns em relação aos outros;

que combata o desgaste profissional e promova o envelhecimento com qualidade.

Enfim, uma Europa que, na continuação da sua melhor tradição humanista, tenha como prioridade a promoção dos valores e não do lucro.

Eu voto e sei que, com isso, dou um contributo inestimável para a construção de uma Europa melhor.