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“Entre comas...”

As variações na consciência colectiva alternam pausas breves e pausas prolongadas

Um coma é uma pausa longa,Uma coma é uma pausa breve.

Um coma é uma situação clínica potencialmente grave, uma coma é uma vírgula, que pode ser inocente na pausa que indicia a sua utilização, mas que pode ser também potencialmente grave se mal colocada numa frase inocente.

Um coma é uma pausa no bem mais sagrado que temos que é a vida.

Estar num coma significa estar num estado de inconsciência do qual não podemos ser despertados, num estado em que não temos a capacidade de nos inteirarmos do que nos rodeia.

Estar consciente, pelo contrário permite-nos ter uma percepção de nós próprios e do meio que nos rodeia. As alterações à consciência podem ser quantitativas e qualitativas. As primeiras definem os níveis de consciência entre o estado de alerta normal e o coma. As segundas são as que modificam o conteúdo, como os delírios, alucinações e outras perturbações que não afectam o estado de alerta.

Uma coma é uma vulgar vírgula que, de vulgar tem muito pouco.

Uma vírgula é, segundo a “wikipédia”

(como se pode ver, as duplas vírgulas também servem para realçar palavras que ficam então “entre comas”),

um sinal de pontuação que exerce três funções básicas

- marcar as pausas e as inflexões da voz na leitura,

- enfatizar e/ou separar expressões e orações

(não confundir com as outras orações, aquelas que a Fé nos faz dizer quando, alguém a quem amamos se encontra num estado de pausa prolongada, num coma)

- esclarecer (?) o sentido da frase, afastando (?) qualquer ambiguidade, como por exemplo em frases assim:

- Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, ficaria de joelhos à sua frente.

- Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher ficaria de joelhos à sua frente.

- Não queremos saber.

- Não, queremos saber.

A utilização da vírgula não obedece a regras absolutas, tal como o coma não obedece a regras absolutas, mas em ambos os casos existem regras e protocolos a seguir para que os entendimentos e tratamentos sejam os mais adequados caso a caso, seja gramatical ou clínico.

Além das nossas consciências individuais, temos, todos, uma consciência colectiva, uma consciência para um bem comum.

As variações na consciência colectiva alternam pausas breves e pausas prolongadas, isto é, variam entre a vigília e a inconsciência

(porque sim, em modo colectivo também há este estado - o Trump foi eleito, não foi?),

com pausas breves, normalmente de quatro em quatro anos.

No período de pausas breves é ouvir:

- Saiba V. Exª que quem fez isto fui eu...

- Foi V. Exª vírgula (pausa breve) mas quem lançou as bases para a ideia fui eu

(há quem substitua por um mais lato “fomos nós” – cá estão as comas novamente)

- Vírgula digo eu, pois V. Exª sabe muito bem que...

Enfim por aí adiante consoante a imaginação de cada um.

E, entre as pausas breves que são os períodos eleitorais, ficamos nós em modo de pausa longa, num coma colectivo, numa anestesia só levantada no período seguinte, preparativo para o coma que se avizinha passado o dito período de vírgula, ou seja, “entre comas”, fica o País em coma.

Pausa...

P.S. – “comma is a breve pause, coma is a long pause”. Não sei quem é o autor, a quem deixo aqui as minhas desculpas por estar a usar a sua ideia.