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Energia e desenvolvimento

Água e energia estão entre os elementos determinantes mais relevantes

O desenvolvimento, local ou global, depende de um conjunto de determinantes que, muitas vezes, se consideram individualmente e distantes, entre si, o que limita, na maior parte das situações uma adequada e integrada análise e, consequentemente, gestão.

Na base das questões do desenvolvimento, os recursos, quer pela disponibilidade quer pela capacidade de os utilizar, assumem um papel estrutural. Sem recursos a viabilidade de muitas actividades é eliminada ou encarecida a um determinado nível que impede qualquer tentativa de sustentabilidade, seja do que for. No entanto, a disponibilidade de recursos e mesmo de capacidade tecnológica de os aproveitar não é sinónimo de garantia de desenvolvimento, pelo menos, sustentável. Os custos e impactos associados aos processos, as necessidades de associar competências e capacidades externas, diminuem a eficiência e degradam o ambiente, natural e social, com consequências e custos igualmente incomportáveis e insustentáveis.

Exemplos de todas as combinações e resultados possíveis estão disponíveis um pouco por todo o lado e em diferentes escalas pelo que o que há a fazer é tentar extrair de toda a complexa rede de variáveis aquilo a que poderíamos chamar factores determinantes. Os temas e elementos sem os quais qualquer caminho se vê limitado ou mesmo impossível a prazo.

Água e energia estão entre os elementos determinantes mais relevantes. Há, no entanto, uma subtil diferença entre ambos que vale a pena ter em consideração. A energia, e não é só em relação à água, não existe enquanto elemento físico individualizado tal como muitos outros recursos. Quando nos referimos a energia é óbvia a associação directa a determinados recursos (combustíveis fósseis, vento, radiação solar, biomassa, água) mas esquecemos que é necessário algo mais, como disponibilidade, quantidade, capacidade tecnológica, armazenamento, distribuição, gestão, monitorização, e tantas outras vertentes intrínsecas e externalidades. As questões da energia são transversais e delas dependem as opções de desenvolvimento, incluindo a mais importante de todas: que tipo de desenvolvimento? É por isso importante, vital mesmo, uma consideração séria, avisada, informada e consciente, por parte de todos, na discussão e análise do papel da energia no quadro do desenvolvimento sustentável. A extrema importância do assunto e as consequências de uma eventual ligeireza assim o determinam.

A Região Autónoma da Madeira tem em curso uma estratégia energética cuja importância é fundamental para o nosso futuro. Assente numa lógica de sustentabilidade e visão de largo prazo, o sucesso desta estratégia, com alguns dos investimentos mais relevantes já em fase avançada de implementação, permitirá à Madeira, e aos madeirenses, actuais e futuras gerações, a verdadeira autonomia, aquela que nos garante escolher de forma livre e consciente, o caminho do nosso futuro, ou, se preferirmos, o nosso desenvolvimento.