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Cuidado com os vampiros

Nestes tempos aflitivos, o que seria de nós se não tivéssemos um Serviço Nacional de Saúde (SNS) e um Serviço Regional de Saúde (SRS) que, mesmo com as deficiências e dificuldades que todos conhecemos, de todos cuida e a todos protege?! Agora que andam “mudos e quedos” todos aqueles liberais e neoliberais de pacotilha, que têm defendido o desmantelamento de serviços públicos essenciais, como é o caso da saúde, é bom que se questionem sobre as suas propostas ridículas de “menos Estado e mais Privado”. Que aprendamos com esta crise sanitária que a tão propagandeada opção por seguros de saúde privados, não acessíveis a todos e que funcionam sob a ótica do lucro, por oposição a um Sistema de Saúde Universal que a todos sirva e de todos cuide, é uma não-opção que marginalizaria e causaria uma calamidade ainda maior do que aquela que vamos atingir. Há bem pouco tempo, numa Unidade de Saúde privada, um doente que acusou positivo para a covid 19, foi rapidamente transportado para o nosso hospital público e não foi tratado onde estava internado. Dirão que o HCF é que está referenciado como a Unidade de Saúde para tratamento da covid 19. Eu sei que sim. Mas sei também que noutras situações, quando as coisas correm mal, geralmente, a opção é transferir as pessoas para os Hospitais Públicos. Se hoje, apesar dos esforços sobre-humanos dos profissionais de saúde, que daqui saúdo, o SNS e o SRS estão com dificuldades isso deve-se ao desinvestimento neste setor levado a cabo pelos sucessivos governos de pendor neoliberal e ‘privatístico’. Investir no SNS/SRS, formar mais técnicos de saúde, promover a contratação de mais profissionais, valorizar as suas carreiras e os seus salários e dotar os nossos Hospitais e Centros de Saúde de todos os meios humanos e materiais necessários é o desafio maior que teremos nos tempos mais próximos. Isto é válido para a Saúde, mas também para a Segurança Social, Educação e para todos os serviços públicos que prestam serviços essenciais à nossa população. Desmantelar e enfraquecer estes serviços para favorecer os grandes grupos privados que, à primeira dificuldade, vêm exigir ao Estado – que eles queriam que fosse mínimo – apoios, colocando trabalhadores em lay-off, mesmo tendo cabimento orçamental para manter os postos de trabalho e pagar salários por inteiro, é alimentar vampiros com o sangue de todos nós. Apoiar a pequenas e médias empresas que estão em situação crítica, tentando salvar postos de trabalho e as próprias empresas, é uma coisa. Permitir que grandes empresas, com lucros fabulosos, se sirvam da situação causada pela pandemia para atirar trabalhadores para o lay-off, com redução de salário, ainda por cima pago parcialmente pela Segurança Social, é uma inaceitável vampirização dos recursos públicos que não deve ser permitida. A finalizar quero afirmar que valorizo todos os esforços que o governo nacional e regional, DGS e SESARAM, autarquias, Segurança Social (que está a fazer um trabalho invisível mas de grande proximidade e apoio a muitas pessoas), IPSS’s e demais entidades estão a levar a cabo para garantir a segurança, apoio social e saúde a todos nós. Fiquemos em casa, saindo apenas quando é necessário e nas situações legalmente previstas. Depois da tempestade passar teremos muito trabalho pela frente para ajudar a reconstruir tudo o que o maldito vírus destruiu.

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