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Conan, meu filho, tu não és o Gladiador

Eu jurei que este mês ia escrever sobre as amantes. Fica para a próxima, que o tema não perde atualidade. Dá tempo até setembro...

Eu ia falar de amantes, não fosse o Conan, que nada tem de bárbaro, nos ter anestesiado com um telemóvel, ou melhor, nos ter acertado nas trombas com um, porque só isso justifica como é que todas as regiões do país, cujo júri é muito à frente no seu tempo, e o povo, mandam aquele operador de telecomunicações para Israel.

Conan, filho, quando apareceste na televisão depois de venceres o festival a dizer que tinhas a estupidez estampada na cara, era verdade. Mas quero dizer-te uma coisa: não eras só tu. Estavas tu e o país todo, pelo menos aquele que ainda acha que percebe de música. Eu sei que já tens entrada na wikipedia, onde falam das tuas criações, “Adoro Bolos” e “Celulite”, peças de culto, acredito, mas tu ainda não és o pior. Preocupa-me aquele teu amigo que tem comichão em lugares que não pode coçar em público, e aparece a dar aqueles pulos todos. Podem ser lombrigas...

Não consigo pensar como é que tantos de nós não te entendemos, filho. Quero é que te passe a anestesia que disseste que tinhas no fim do festival, para veres como ficamos todos. Uma vez mais, não estás só. E eu cá acho que até somos muitos.

Agora, se me permites, fica aqui um conselho de uma mulher mais velha, que vale o que vale. Há uns anos, eras tu ainda um espectador do Noddy e do Dragon Ball e nós, os mais crescidos, ainda íamos ao cinema. Nesse ano de..., passou um filme lindo, chamado Gladiador, que de certa forma deve ter povoado os teus sonhos quando os teus pais falaram dele ou ouviste as professoras na creche a comentar o grande sucesso de bilheteira e isso ficou-te no subconsciente.

Temo pela tua vida, querido Conan. Deixa-me tratar-te assim, porque afinal foste-me às trombas e por uma estranha razão acho que somos íntimos. Pelo amor de Deus, não entres em Israel com esse vestido e máscara de Gladiador, os tipos não são para brincadeiras, consegues perceber isso se um dia vires um telejornal.

Conan, meu filho, acho que votaram em ti exatamente porque sabem que vais ser atacado logo que pisares o chão de Telavive. Não te iludas, ainda vais a tempo de te fazeres afónico e mandares umas mensagens de texto e, se mesmo assim não te apanharem, quando te perguntarem de onde és, finge um ataque de amnésia e esquece que és português, porque uma parte do país também quer esquecer depressa.

Post Scriptum (que sensação de déjà vu) – Sei que a TAP anda perto do céu, mas é um bocadinho exagerado chamar colete de salvação ao colete de salvamento, não? Ou é para, em caso de acidente, entrarmos lá em cima mais depressa?