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Com coragem e de consciência tranquila

Acabará em Setembro o mandato de deputado para o qual fui eleito em 2015. Sobre este período, tenho uma sensação agridoce. Por um lado, sinto-me realizado por ter apresentado um conjunto de iniciativas que, se aprovadas, teriam um impacto profundo no Serviço Regional de Saúde, no apoio social, no ambiente e na sustentabilidade, mas também na convivência democrática e no clima de tolerância na Madeira.

Por outro lado, o desejo, o sonho de mudança e a renovação que, ingenuamente teria, não aconteceram. O Serviço de Saúde na Madeira evoluiu, nalguns aspetos para pior, noutros para melhor, mas na essência é o mesmo. A convivência democrática melhorou, mas não tanto por um impulso genuinamente democrático do PSD mas tão-só pela perceção de que o poder já não é absoluto e porque a oposição já detém a maioria do poder municipal. Quem governa continua a não ouvir a oposição, os profissionais e a sociedade em geral.

Um exemplo recente ilustra bem esta situação. A secretaria da Saúde recusou-se a ouvir e a fazer entendimentos com os sindicatos e a Ordem dos Médicos quando estes tinham uma opinião independente do Governo Regional. Agora que, por um conjunto de circunstância já não é bem assim, então Pedro Ramos multiplica reuniões e pseudoacordos. É neste ponto que estamos.

Creio que um terço dos madeirenses quer manter tudo assim e os outros dois terços nutre uma genuína vontade de mudança, nem sempre coincidentes ou com a mesma coerência. E sobre esta questão estou tranquilo. Se há partido que, de forma consistente, refletida e integradora tem inovado na Saúde, é o CDS. E, neste aspeto em particular, ninguém nos acusa de falta de coragem, de ter medo de fazer as coisas que são importantes, ainda que sejam incómodas.

Seja com medidas inovadoras na saúde como as urgências integradas, o internamento domiciliário e a criação de equipas multidisciplinares. Seja no modo de resolver as listas de espera com um plano realista de 15 milhões de euros, usando melhor os recursos do SESARAM e os do setor privado.

O ambiente de trabalho e a meritocracia no SESARAM têm de melhorar, de uma vez por todas. O apoio social, nomeadamente com a construção de mais lares, tem de ser minimizado após 20 anos de marasmo. Na verdade, não é preciso prometer, pois cada uma destas propostas foram exaustivamente apresentadas e discutidas por nós nestes quatro anos. É por isso que sinto orgulho em ter o Rui Barreto como líder do CDS. É um colega que os incentiva a fazer cada vez mais. Que nos une e ajuda-nos quando as coisas correm menos bem.

É, aliás, dos líderes partidários, aquele que mais e melhor conhecimento estruturado tem do setor da Saúde e da solidariedade social. Espero que em Setembro a mudança ocorra. Que seja consistente e que se passe a ouvir e a reconhecer quem pensa diferente. Só assim construiremos uma sociedade mais justa e moderna. Temos todas as condições para sermos melhor. Este é o momento!