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Colonialistas, jacobinos e estalinistas!

Confesso, tinha pensado chegar a esta idade e dedicar-me aos netos. Mas não é possível

Definitivamente! Tudo farinha do mesmo saco! E não me peçam mais para utilizar meias palavras para catalogar o comportamento de Lisboa, relativamente à Madeira, em particular desde que António Costa assumiu o poder e, muito em especial, desde que meteu na cabeça que a Madeira haveria de tornar-se parte do mapa cor de rosa. Qual réplica, porventura, do que custou a Portugal os olhos da cara...

Por outro lado e perdoem-me os mais sensíveis, ainda não percebi como é que o Presidente da República, que sabe de tudo, ainda não chamou o senhor à pedra e o obrigou a corrigir o rumo das suas ações (que são exclusivamente ditadas por razões partidárias) relativamente a 250 mil cidadãos Madeirenses. Mas adiante...

Vou hoje recorrer a alguns dos brilhantes historiadores que temos (e que não cito por não querer omitir qualquer deles) para sublinhar que a Madeira foi sempre tratada, pelo Terreiro do Paço, como colónia. A todos os níveis. Político, social, cultural, económico e financeiro. Do enquadramento orgânico na estrutura administrativa do Estado e do modo como os agentes do poder central eram indicados, ao modelo de relacionamento económico. Com uma agravante como diz um desses brilhantes historiadores. “É que o pouco que retornava, surgia sob a forma de caridade”. Ou seja, um processo em quase tudo similar ao que hoje sucede com as transferências do Estado, das quais, a maior parte, decorre do resultado da atividade económica aqui desenvolvida e dos impostos que aqui deveriam ser pagos e não são. Impostos e taxas, aliás, que sempre foram mecanismo de extorsão, sendo o exemplo maior o que nos foi cobrado (aos nossos avós e pais), para pagar o porto de Leixões, sendo, como nos refere um outro historiador, que “nem da dízima em portos metropolitanos conseguiam os comerciantes madeirenses isenção”. Mas pior, e citemos um outro: “O interesse português pela Madeira existia apenas na medida em que (...) os rendimentos da Alfândega contribuíssem com elevadas quantias para o Tesouro do Reino”. Para bom entendedor ...

Não se restringiu, porém, a atitude colonial, a estes planos. O colonialismo também se sentiu no plano cultural. Em especial quando se percebe que tudo poderá ter sido feito para acabar com “os dialetos madeirenses cujos traços distintivos poderiam indicar a proveniência plural dos povoadores”. Que não só, portanto, a portuguesa, matéria que assustava o poder central, nomeadamente pelo que poderia induzir a nível político.

E sempre foi assim ! Deixemo-nos, repito, de meias palavras ! Tal como sempre houve “capatazes” locais, leia-se, personagens que renegavam a Madeirensidade só para receberem benesses e probendas dos seus (que não nossos) senhores de Lisboa.

Tivemos, entretanto, a felicidade, com o 25 de Abril (e com o 25 de Novembro), de termos tido acesso à Autonomia. O que não invalidou, recorde-se, a continuidade da perspetiva, em Lisboa, de que somos cidadãos menores ... pois e para além de espartilhos e constrangimentos como as “leis gerais da República” ou a não aplicação plena do princípio da Subsidiariedade (que tanto reclamam em Bruxelas), ainda colocaram cá um polícia da Portugalidade, de seu nome Ministro (ou Representante) da República. Querem melhores exemplos?

Não é, portanto, de estranhar o que sucedeu esta semana, em Lisboa, na discussão do orçamento de 2019. Colonialistas, jacobinos e estalinistas, ou seja, todos quantos têm uma visão de Estado ultra-centralista, o mesmo é dizer que desrespeitam a diversidade, a liberdade de pensar diferente, a possibilidade de escolher autonomamente, juntaram-se para chumbar as propostas da Madeira.

E, tal como sempre ao longo de séculos, houve uns capatazes locais que exultaram (em especial o amnésico da cidade-capital) ... voltando a demonstrar que não percebem o essencial. É que a questão não é conjuntural. É estrutural. Faz parte dos esquemas culturais e mentais vigentes na maioria da sociedade política que cirandou (e ciranda) pelos corredores do poder de Lisboa.

E que nos recorda, qual slogan que muito ouvimos nos anos 70, contra quem é a nossa luta. Nem mais nem menos do que contra os herdeiros do aparelho colonial-fascista (e quejandos jacobinos e estalinistas) e todos os seus agentes. Sejam quem forem! Estejam onde estiverem!

Da minha parte, confesso, tinha pensado chegar a esta idade e dedicar-me aos netos. Mas não é possível. A luta continua! E por pequeno que possa ser o meu contributo, não se pode esmorecer. Pelo respeito que nos merecemos, mas acima de tudo pelo respeito de que somos devedores. Aos nossos avós e pais e aos nossos filhos e netos.

Assim sendo, Colonialistas, Jacobinos e Estalinistas....podem estar seguros: A luta continua...mas a vitória é certa! A nossa vitória! A da Liberdade e da Autonomia do Povo Madeirense!