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Até que a voz me doa!...

A discussão do programa de governo “soube a pouco”. A solução governativa encontrada não apresentou nada de novo à população

Há quem encare o poder como uma arma para satisfazer o seu ego, sua vaidade e se comporte como um aristocrata de falsa superioridade. Esquecem-se que até as monarquias estão em decadência e necessitam reinventar-se para sobreviverem.

A discussão do programa de governo “soube a pouco”. A solução governativa encontrada não apresentou nada de novo à população. “Mais do mesmo” foi a expressão que mais se ouviu por entre a população entre outras expressões mais fortes do vernáculo popular na classificação da postura de alguns deputados.

A lufada de ar fresco que se esperava com a entrada de novos protagonistas na gestão dos bens públicos rapidamente mofou. O discurso de Rui Barreto de 4 de novembro passado de que a economia madeirense está a “crescer há 73 meses consecutivos” lembrou de imediato as declarações de Pedro Calado de 26 de junho deste ano de que a “Madeira está a crescer há 70 meses consecutivos”. Até os discursos foram repassados? Caso para perguntar: o acordo governativo impede os novos protagonistas de pensarem pela sua própria cabeça?

Será que são estes os “novos quadros” que Miguel Albuquerque pretende recrutar para renovar o PSD-Madeira no rumo certo?

Todos os analistas económicos mundiais são unânimes a preverem uma nova crise económica mundial. Na Europa, o Brexit, a prolongada instabilidade política em Espanha e o surgimento de algumas manifestações populares em vários países europeus deveriam estar a merecer a mais cuidada atenção por parte dos nossos governantes.

Na continuidade das linhas orientadores do PSD-Madeira não faltam neste Governo Adjuntos, Assessores e Técnicos Especialistas. Como seria bom que todas estas nomeações visassem o estudo dos vários dossiers importantes para o nosso futuro.

Infelizmente estas nomeações parecem ser apenas uma mudança de cadeiras sem qualquer preocupação pela competência e mérito para o lugar que vão exercer. E sendo assim pergunto: vão continuar a fazer como fizeram até agora? Vão continuar simplesmente a reagir aos “azares”?

Veremos se ainda precisarão de encomendar estudos e análises a gabinetes externos para decidir o nosso futuro. Esquecem-se que governar não é seguir umas instruções informáticas de um qualquer programa de gestão. É ter visão. É fazer apostas. É gerir pessoas. Sabem o que é gerir pessoas? É gerir seres humanos!

Bem sei que há gente nomeada porque é especialista em “engonhar” e é preciso fazê-lo com style. Mas não tenham dúvidas – pagaremos todas as ineficiências!

Todos os estudiosos, empresários e pensadores na nossa terra falam na necessidade de mudança de paradigma para podermos vencer no futuro. O que é preciso dizer ou fazer para acordarem?

É por demais evidente que não podemos continuar a ser surpreendidos por “azares” como o da falência da Thomas Cook. Seremos surpreendidos também com as consequências do Brexit? Quais as suas consequências nas nossas vendas de Vinho Madeira para o Reino Unido? E no turismo britânico? E quais as consequências da desvalorização da Libra na nossa economia?

E já agora, que preocupações estamos a ter com os nossos emigrantes na sequência do Brexit? Ou será que os nossos emigrantes só servem para votarem ou permitirem a justificação de umas viagens?

Vão continuar a conduzir os destinos da nossa terra a olhar para o retrovisor? O carro vai bater de frente.

Mas, caro leitor, não vale a pena sofrer por antecipação. A solução é ter coragem para enfrentar o que tem de ser enfrentado. As nossas “reservas de ouro” já lá foram todas na passada crise. Se a coisa ficar bem triste, a solução é bater à porta da Segurança Social. Se houver dinheiro, é claro!

A Madeira é um paraíso na terra... Mas, hoje em dia, nem o amor tem piada ser vivido numa cabana na praia.