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Aqui e Ali

O cidadão comum habitou-se, com alguma repugnância, a chamar essa tal estratégia concertada de um partido para tomar o poder de Política.

No Expresso

‘Deputados das ilhas reembolsados por viagens que não pagam’. Segundo o jornal, alguns deputados recebem o subsídio de deslocação por viagens pagas pela Assembleia da República. Um deputado madeirense que receba subsídio por viagens pagas pelo Estado pode continuar a ser deputado, mas deixa de ser madeirense. Beneficia de um sistema cuja perversidade critica, e de uma insularidade que se comprometeu a mitigar. E passa, nessa matéria, da demagogia para o conflito de interesses. O que acontece a um deputado madeirense que deixa de ser madeirense? Perde o mandato. Para falar de transporte aéreo, pelo menos.

No Congresso

Suspeito de ter permitido a manipulação das eleições americanas, Mark Zuckerberg explica o Facebook a congressistas do período Jurássico. Senhor Congressista, o Facebook é gratuito porque faz dinheiro a vender anúncios. Não Senhor, Zuckerberg não tem de confessar em que hotel ficou. O CEO da maior empresa de media do Mundo sorri com sarcasmo, ironia, e desespero. É um conflito de jurisdições. Entre lei passada e lei futura, entre a planície cibernética e a fronteira do Estado, entre a forma do contrato e a substância do consentimento informado. O mundo tem mais congressistas do que Zuckerbergs, e é por isso que são representantes eleitos. São gente que não entende, gente que não o entende, gente que não se entende entre si. Todos usam o Facebook. Julgam ser de graça. E é, no mesmo sentido em que é ‘de graça’ que revelamos e abdicamos dos nossos dados. Só partilha o hotel com o Facebook quem quer. Sorrimos, todos, de volta para Zuckerberg. Sarcasmo, ironia e desespero.

Na Síria

A forma mais rápida de acabar com uma guerra é perdê-la. A tragédia das democracias ocidentais é essa ser a única forma politicamente aceitável de a acabar, quando combatem inimigos sem as mesmas preocupações. Tudo na Síria é paradoxal. Haja sorte, ou acaso. O resto falhou.

Na Madeira

A propósito de uma visita do Presidente da Câmara Municipal do Funchal ao Primeiro-Ministro, fala-se numa estratégia concertada para tomar o poder na Região, sustentada na confusão pouco diplomática entre cargos políticos e partidários. É verdade. Só que o cidadão comum habitou-se, com alguma repugnância, a chamar essa tal estratégia concertada de um partido para tomar o poder de Política. E esse cidadão vive numa terra que durante décadas confundiu Governo, autarquias e partidos. A crítica é imprescindível e merecida. Há porém uma educação a fazer. E faz-se criticando, mas sobretudo fazendo melhor. As pessoas valorizam. E estão a ver.