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Actividade física para todos ?

Como as coisas estão sempre mudando, ... nas mudanças que vamos observando, contam também aquelas que se ligam à Saúde e às suas imensas consequências, sociais, económicas, logísticas, entre outras. Ninguém faz contas às despesas com a saúde ... um hábito enquistado e adquirido desde há muitos anos ... mas, alguém tem de a pagar no final, quando chegarem os números e as contas. Seja o Seguro, seja o Estado, seja o próprio, seja o “tecto”! Em Portugal, quem mais paga é o Estado! Ou então é o “tecto”! E a propósito disto recordo que nos Estados Unidos, houve há largos anos um projecto, com a construção de imensos ginásios, para corrigir com pormenor e qualidade os excessos ponderais da sua enorme população ... diminuindo os factores de risco, melhorando os indicadores de saúde ... para poupar em despesas com doenças, tratamentos e internamentos. Assim se fabricaram os ginásios para os gordinhos, com planos adequados e bem orientados, com o intuito de os tornar mais leves, mais saudáveis e mais úteis e produtivos... e também menos onerosos e despesistas. Já o Senhor W. Churchill teria dito tudo isto, 60 ou 70 anos antes ... “ a riqueza em ter pessoas saudáveis, trabalhando melhor e com mais qualidade, resulta no aumento da produção e no natural enriquecimento do país ao qual pertencem”! Então, o tal projecto norte-americano começou, cresceu, durou e depois acabou! Concluíram, com a súbita decisão de que os gordinhos - desde que portadores de bons estados de saúde - não tinham que ser incomodados com planos semanais de exercícios e regras alimentares. Hoje, qualquer plano de reabilitação de doenças crónicas, tão conhecidas como a hipertensão e a diabetes, assim como as doenças cardiovasculares na sua generalidade, assentam em: químicos “per os”, exercício físico, programado à medida do paciente e alimentação adequada. Existe por exemplo, um plano específico com exercícios físicos, indicados para a insuficiência cardíaca, doença que diminui muito a potência do coração. Porque se reconhece que esse plano, ajuda a reabilitação das funções cardíaca e vascular do paciente, que se encontra com grande défice. Tudo isto acontece agora, mas há 40 anos atrás todo este plano de exercício era absolutamente contra-indicado, mesmo até, exercícios elementares, como o simples acto de subir um vão de escadas.

Hoje, em Portugal, temos um projecto para usar o exercício físico como uma terapêutica, com a novidade em se realizarem consultas nos Centros de Saúde, coordenadas por médicos especialistas em Medicina Desportiva. Na Suécia já o fazem há 15 anos, prescrevendo exercício com regras e com dimensão adequadas. Nada disto nos surpreende, mas é agradável saber que se está a tratar as pessoas com exercício físico ... e assim de repente lembro algumas situações patológicas ou disfunções que dele podem beneficiar: a depressão, a fibromialgia, doenças músculo-esqueléticas, a osteoporose, o défice de atenção (TDAH), ... e por aí fora. E não só o exercício físico significa melhoria na qualidade de vida: a alimentação, o vestuário e o calçado, especialmente este último. Sobre a alimentação, acho que os médicos devem, todos eles, saber falar sobre nutrição. Elementos e noções básicas da nutrição, devem ser prescritas pelos médicos de família e pelos médicos hospitalares que tratam pacientes, os quais necessitam indicações precisas sobre a sua alimentação, com sejam, os referentes às doenças inflamatórias do intestino, às alergias confirmadas, sem invalidar a consulta regular de Nutrição. Não recomendo directamente as escolhas pelas dietas da moda ... vegan, por exemplo, ... com repercussões deficitárias em elementos nutritivos essenciais com sejam, proteínas, a vitamina C, a vitamina D, o ferro, o magnésio, a vitamina B 12 e ácidos gordos, por exemplo Omega-3. Fazer uma dieta para depois complementar com aditivos, não existe! Aliás, desde a data de nascimento que o Homem é um animal carnívoro! No vestuário e no calçado, existe uma atenção muito especial para os pés, para a sua colocação no solo, seja em corrida ou no exercício activo. Todos deviam saber se têm defeitos nos pés! Por serem esses defeitos, capazes de provocar “sine die” incorreções posturais, que vão desencadear disfunções e até doenças dos músculos e das articulações. E os dentes? Sobre os dentes não há dúvidas de qualquer natureza! Têm de ser controlados duas ou mais vezes por ano ... fora as situações agudas, como as cáries dentárias! A saúde da boca é obrigatória para todos ... porque os dentes são para toda a vida ... e os defeitos na mastigação provocam doenças, que depois se tornam mais caras do que o seu tratamento. E no desporto federado o tratamento dentário e o seu controlo são mandatórios e indispensáveis. Hoje em dia, é obrigatório ter um dentista a tempo inteiro num clube desportivo ou em qualquer associação ou federação! Quem tem? Fico a aguardar as respostas!

Por todo o lado se vêm plataformas, para ajudar a organizar a vida das pessoas, ... o google-maps, o spotify, o airhelp, etc ... algumas delas relacionadas com o exercício físico, com programas, com propostas e com múltiplas actividades ... depois não explicam como tudo vai acontecer, quem faz a avaliação e os pormenores dos exames a realizar. E, se uma plataforma destas não tem no seu staff um especialista em Medicina Desportiva ... especialista que saiba referenciar a medicação dos utentes, com uma prescrição de exercício adequado à condição física encontrada, estamos a vender “gato por lebre”. As Faculdades de Medicina dão oportunidade aos seus licenciados em se tornarem médicos. Mas depois, uns dedicam-se mais ao estudo dos olhos, outros dos ouvidos, e por aí adiante ... assim o ideal, é escolher o médico especialista que mais pode saber sobre a matéria onde se pretende actuar. Certo? Na medicina ou na saúde, o lugar de função, o lugar político, pode existir, mas só para garantir a qualidade da prestação dos serviços, onde cada um deve trabalhar na área em que se especializou e assim ser o mais útil e o mais produtivo.

Como já se percebeu, o exercício físico é para todos, mas também e em especial para os doentes ... e para estes, com algumas excepções e explicações, que só quem sabe da arte pode fornecer. Andar a pé faz bem, mas não é a falar ao telemóvel! Não esqueçam tratar muito bem os dentes, anulando os seus desequilíbrios, escolher correctamente a alimentação e saber se o calçado é o mais adequado, em relação com os seus pés! E depois ... o que restar ... deixem para a imaginação e sabedoria do prescritor médico, autenticado!