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A vida numa só palavra

Medo. Por agora é o medo que comanda a vida. E por muito que desejemos que fosse diferente, a natureza humana funciona assim.

É óbvio que o medo tem diferentes camadas e se for sentido de forma razoável é sinal de esclarecimento e consciência. Em excesso leva à paralisação e ao bloqueio e isso é o pior que nos pode acontecer a todos.

Os mercados têm medo porque não sabem o dia de amanhã; quem empresta dinheiro seja a quem for (particulares, empresas, Estados) tem medo porque não sabe quem e como poderá pagar. As pessoas têm medo de perder o emprego e os seus rendimentos.

O índice de confiança de consumidores e empresas vai começar a atingir mínimos históricos. E as diferentes Economias que já começaram a abrandar – nalguns sectores como a hotelaria ou a aviação, estão praticamente parados – vão chegar a mínimos de sobrevivência. Nada disto são previsões; são factos.

Mas existe alguma alternativa? A minha resposta é claramente afirmativa.

A “vantagem” desta crise (e as aspas são ligeiras para amenizar a situação) é que atingiu a economia real, do dia a dia de empresas e famílias de todo o Mundo mais ou menos por igual. Pelo menos no contexto europeu existe a obrigação de rever os Tratados e permitir novas regras para todos. Se o ataque à crise por parte da União Europeia pelo menos for igualitário e compensar todos os Estados de modo a fazerem face à situação, o reerguer da atividade económica mais rapidamente se fará e mais depressa a vida voltará à “normalidade”. É preciso por exemplo dar à empresa A, B ou C o rendimento necessário para pagar salários e voltar – quando for possível – à atividade sem ter despedido nenhum dos seus colaboradores.

Estou em crer que depois da sua formação no pós-guerra a União Europeia (hoje bem diferente) não teve igual desafio pela frente como o que tem agora entre mãos. A resolução não é simples de implementar mas o desejo final é claro para todos e a Europa sempre cresceu quando teve ao seu comando grandes líderes inspiradores. Este é o tempo deles e esperemos que ainda existam.

O medo não pode tomar conta de nós. Não podemos ficar reduzidos a uma só palavra.

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