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A lenda do primeiro presépio

São Bernardo, séc XII, chamou à atenção de que a verdadeira prática cristã está em proteger os pobres.

Nos primeiros séculos do cristianismo, o Menino Jesus era representado com vestimentas dourados, porque assim eram vestidos os filhos de qualquer rei. São Bernardo (1090 - 1153) foi dos primeiros a chamar à atenção de que Cristo era pobre e até nasceu numas palhinhas de animais. Cristo nunca vestiu de ouro, como era representado nessa época.

São Bernardo era oriundo de uma família rica mas ingressou na Ordem de Cister e dedicou a sua vida a proteger os pobres. Inclusivamente, este santo adaptou um palácio que herdou para acolher os desamparados. O mesmo caminho seguiu, posteriormente, São Francisco e os seus seguidores.

A lenda do primeiro presépio

São Francisco de Assis (1181-1226) pretendia explicar aos camponeses como tinha nascido Cristo. Para isso, em 1223, na localidade de Greccio, Itália, colocou uma pequena imagem de Cristo nas palhas de uma manjedoura e mandou colocar ali um boi e um burro. Diz a lenda que, enquanto o santo explicava como Jesus tinha nascido, a imagem adquiriu vida e sorriu para São Francisco, para deslumbre dos camponeses. Rapidamente, começaram a fazer representação de presépios nas igrejas de outras localidades.

Nova imagem do Evangelho

Esta visão de Cristo (o Menino das palhinhas) influenciou o modo de interpretar a Bíblia. Para o verdadeiro cristão não interessa apenas discutir as teorias da alma e venerar o Deus Menino (vestido de ouro), mas sim, segundo São Bernardo e São Francisco, a verdadeira prática cristã está em proteger os pobres e os mais frágeis da sociedade, particularmente as crianças e os que sofrem.

Origem da roda dos expostos

Foi neste espírito que o Papa Inocêncio III, com objetivo de salvar crianças, no séc. XII, ordenou que nos mosteiros colocassem janelas adaptadas para acolher recém-nascidos abandonados. Foi esta a origem da ?roda dos expostos ou enjeitados? (janelas nas quais os pais abandonavam crianças que passavam a ser cuidadas pelos conventos e misericórdias). Estas rodas existiram até início do séc. XX. Todavia, recentemente, ressurgiram em vários países janelas ou ?caixas? para recolher crianças de forma anónima. Ao colocar a criança, toca uma campainha e alguém, desde o interior, acolhe a criança.