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A Direita no seu melhor

Mostra-nos a história que a Direita não pode estar muito tempo longe do poder, porque os interesses económicos e financeiros que representa são por demasiado poderosos e necessitam desesperadamente de situações discricionárias a seu favor. Com o dinheiro não se brinca. Quando não conseguem chegar ao poder de forma democrática, não olham a meios, recorrem a qualquer método, quer seja à captura do poder judicial como no Brasil com Dilma, quer seja à força e sangue. Foi assim em Espanha com Franco, foi assim no Chile com Pinochet. Será assim sempre que for necessário. Por vezes, como por cá, põe bombas. Perante estes métodos, dar o dito por não dito, negar o que se jurou na véspera, mesmo que isso contrarie frontalmente a sua ideologia, mesmo que para isso tenha de fazer alianças com a por si designada “extrema esquerda” ou com o “diabo”, é apenas um exercício pueril, uma brincadeira de crianças.

Costa, com a ameaça de demissão em defesa da sustentabilidade e das “contas certas”, “fintou” a direita, retirou-lhes as bandeiras e, pasme-se, obrigou-os a saírem em defesa dos professores. Costa marcou inúmeros pontos, pois a causa dos professores não é de todo popular para os eleitorados de Direita (e mesmo para alguma esquerda) e, por conseguinte, esta tomada de posição de Costa é “mel” para as suas gargantas e uns votos do Centro dão sempre jeito. Tanto o CDS, como o PPD ficam ainda mais desorientados e com grande dificuldade em explicar aos seus eleitorados porque andaram “às avessas” da sua ideologia. Vendo que “asnearam”, vêm agora, a toda a pressa recuar em toda a linha, colocar à posteriori um “travão”, mesmo que o neguem veementemente. Vem agora dizer que se, e apenas na condição de haver desenvolvimento económico, é que haverá reposição e que só nessa condição votará favoravelmente. Se fosse como agora vem afirmar, esta condição teria obrigatoriamente de ser colocada de início “à cabeça” da votação para a contagem dos nove anos e estaria indissociavelmente ligada a ela. Rio nega a “pés juntos” ter assinado o acordo, mas o que é facto é que a televisão mostrou claramente o acordo assinado pelos quatro partidos.

Cristas, feroz defensora de que o déficit zero de Centeno ainda é pouco, com a desfaçatez, a “ronha” e o oportunismo habituais, com uma mão dada ao bloco e a outra ao Vox, foi com “muita sede ao pote”, não quis desperdiçar uma parangona e espalhou-se ao comprido. Ai se houvesse um Nobel para a hipocrisia!!

Rui Rio, preso no seu labirinto, de “candeias às avessas” com os seus deputados diz que não leu, não soube, não esteve lá e por isso não fica vinculado às opções dos seus representantes. Afirma agora que só votará favoravelmente se o PS também votar as “condições travão”. Como Rio sabe muito bem, se o PS já votou contra o princípio da reposição, e em consequência também votará contra as condições que lhe são subordinadas. Assim vendo a “esparrela” em que se meteu, inventou este pretexto para poder emendar a mão, votar contra e “salvar a face”. Depois da televisiva malcriação, onde está, para onde foi Rio, o honesto, o coerente o moderado? PPD, olha o PP!! Nem Rio nem Cristas, na eventualidade de serem governo, cumpririam o agora prometido. Obviamente o que lhes interessa são apenas os votos dos professores.

Albuquerque com o seu “pavio curto”, mais uma vez reage a “quente”, não pensando ou não entendendo que, se o governo cair e se realizarem as eleições para a AR, antes das “regionais”, os resultados obtidos por Costa contaminarão e influenciarão decisivamente o resultado das regionais, enviando-o decisivamente e «mais depressa» para o sítio onde merece estar e de onde nunca devia de ter saído. Qual é mesmo a história do tiro no pé?

A campanha do PS arrastava-se com Pedro Marques à cabeça, numa luta desigual contra javalis, sem carisma e sem elã, entalado entre a esquerda e a direita, sendo obrigado a fazer-se de morto, pois ao não quer perder voto nenhum, arrisca-se a perder muito. Devido a este favor da direita, a campanha do PS para a UE ganha assim um fulgor e finalmente um leitmotiv.

Para Costa e para o PS, porém, esta atitude envolve riscos. Tony Blair e demais PS’s europeus, por tacticismos conjunturais vários, abandonaram as velhas e tradicionais bandeiras da esquerda e adotaram a “modernice” da 3ª via. Consequentemente “entraram todos por um cano”. O PS, pelo contrário, recuperando essas “velhas” bandeiras, chegou ao poder, tal como recentemente o PSOE. Terá, contudo, de ter muito cuidado, e não tomar atitudes próprias da 3ª via, pois arrisca-se a uma erosão no seu eleitorado de esquerda. A história mostra-nos quando esquerda moderada não é capaz para a mobilizar as pessoas, estas são atraídas por “cantos de sereia” simplistas e redutores, chamem-se eles Vox, Liga do Norte, Forza Italia, Front Nacional ou Trump.

Por outro lado, a esquerda, à esquerda do PS, parece que não aprendeu nada com 2011, quando de braço dado com a direita inviabilizou o PEC4 e derrubou Sócrates, abrindo a porta à direita radical e dando origem ao “horroroso inverno” que se seguiu e que ainda hoje nos afeta.

PS. Atenção o Troll privativo do DN soltou-se novamente e até está mais afoito.