Análise

Liberdades para todos os gostos

Os mesmos meios e as mesmas ‘verdades’ acabam por trazer tudo ao de cima...

Os tempos mudaram e agora há que adaptar-se. Ainda bem que ninguém controla ninguém. Pelo menos assim não há lamúrias artificiais, não há ‘verdade’ que não consiga vir ao de cima e impor-se, por si só e sem vénias aos diversificados poderes instalados.

O Dia Mundial da Liberdade da Informação, evocado na quinta-feira, serviu para por a mão na consciência e nos exageros. Aqui e ali vamos reconhecendo que ‘isto’ está a descarrilar, mas sem prescindirmos de dar o nosso empurrãozinho para que o estrondo final, quando acontecer, atire com alguns estilhaços na direcção que pretendemos. Mesmo que alguns deles rebentem nas mãos de quem os espoletou.

Agora diz-se tudo o que se quer, contra quem quisermos e da forma que quisermos. É a ‘liberdade’. Alguns, não satisfeitos com essa ausência de limites, chamam-lhe arrojo informativo e vão ainda mais longe, forjando ‘notícias’, informações, panfletos pequenitos e cartazes gigantes, propositadamente fictícios, com identidades distorcidas. Sabem que há sempre alguém que ‘compra’ e sem perguntar o preço. Não faltarão ‘gostos’, ou mais modernamente, ‘likes’, ou ainda de forma muito mais arrojada, comentários anónimos com todas as certezas do mundo. Tudo estratagemas que, depois, se sacodem com uma simples declaração: ‘Ah, afinal não era bem assim.” Tudo tão simples, tudo tão irreal.

À margem, ou talvez nem tanto assim, muitas pessoas vão se apercebendo quem é quem, e o que é que os move. Leva algum tempo, mas chega-se às ilações incontornáveis.

Temos ‘liberdades’, e meios, para todos os gostos. E se é verdade que, numa primeira fase, parecem apenas servir objectivos obscuros, há que dar oportunidade e esperar. Porque os mesmos meios e as mesmas ‘verdades’ acabam por trazer tudo ao de cima...