No dia 1 de Outubro temos a mais envolvente e mais genuína de todas as eleições. As Autárquicas envolvem sempre imensos candidatos, com a vantagem de cada eleitor ter de escolher entre pessoas que estão perto de si. Precisamente por esta razão, o processo de escolha de candidatos é também, quase sempre, uma empreitada muito sensível, que traz aos decisores partidários mais dissabores do que aplausos.

Tem sido sempre e assim há-de continuar.

A questão que se põe, actualmente, é que as eleições ainda vêm longe. Mesmo assim, quase todos os ‘actores’ querem forçar a sociedade a olhar para elas como se fossem para a semana. Governantes de agora e do passado, autarcas no activo e aspirantes a tal, defensores de uns e adversários de outros, todos estão a agir como se tudo tivesse que depender dos votos do próximo 1 de Outubro.

E não é assim.

Nas próximas Eleições Autárquicas jogam-se muitas estratégias partidárias e individuais. Todas legítimas. Mas muito mais legítimo é os cidadãos contribuintes exigirem uma coisa de cada vez: que as instituições funcionem em prol do interesse público, e que apenas num determinado período, necessariamente curto e perto

do acto eleitoral, se tolere algum nervosismo nas decisões e nos compassos de espera que prejudicam sempre quem nada tem a ver com correrias eleitorais.

Há mais vida para além das eleições. Mesmo que não pareça.

Convém trabalhar em prol da coisa pública, até porque em última análise, mostrar serviço efectivo e genuíno, será a melhor maneira de convencer eleitores.

Nesta perspectiva, também seria bom que os contribuintes,

ou eleitores, aumentassem o seu grau de exigência e mostrassem, sem rodeios, que até podem simpatizar com esta ou aquela tendência política, mas que na hora de decidir o que vale é o nível de satisfação pelo serviço público que os seus impostos pagam. Hipotecar apoios sem subjugá-los a uma avaliação permanente é dar excessiva margem de manobra. É pactuar com estratégias e habilidades, em detrimento do serviço público.