Análise

É pelo futuro que vamos

Finalistas, 12 anos de aprendizagem intensa é só o começo

As últimas semanas ficaram marcadas pela benção das capas e festas dos finalistas de várias escolas secundárias da Região, momento que também tive a honra de viver intensamente. Por ser pai. Por enquanto membro do Conselho da Comunidade Educativa da Escola Ângelo Augusto da Silva ter sido escolhido para padrinho. Por ter a grata oportunidade de desafiar quem dedicou 12 anos à aprendizagem intensa a acreditar no futuro, tempo que implica mais do que sorte, atitude; mais do que manias, orgulho; mais do que palpites, análise; mais do que incerteza, responsabilidade; mais do que cunhas, talento; mais do que fatalidade, esperança.

Numa sociedade por vezes adormecida e anestesiada, importa envolver os mais novos de nós nas grandes causas e nas exigências feitas de compromisso com os valores, com o essencial e com o que faz a diferença. Daí que qualquer mensagem de confiança deva apelar ao combate determinado contra a indiferença, a burocracia e a complicação, a ignorância, a resignação, o fatalismo, o medo, o servilismo, a timidez e a injustiça.

Numa ilha por vezes conformada com as sua limitações, importa dar mundo a gente com voz, propostas e coragem. Para que essa dimensão global valorize os lugares onde nascemos e crescemos. Para que amplie as virtuosas potencialidades de quem tem saber, criatividade e valor. Para que ganhe lastro a honestidade e aquilo que é prestigiante, um legado assente no mérito, na competência, na capacidade de trabalho, na ética, na transparências e na frontalidade, orgulho das gerações construtivas de todos os tempos.

Numa sociedade que valoriza o mérito, a educação é o alimento fundamental. É um desígnio no qual cabem todos, ricos e pobres, dotados e diferentes, inteligentes ou desejosos de saber. A igualdade começa aqui.

O futuro faz-se de esperança. Todos vivemos dificuldades mas, com vontade de vencer, seremos capazes de ultrapassar barreiras e nas horas difíceis, dar provas de um espírito de solidariedade e de entreajuda.

Faz-se de voluntariado, de empenho em campanhas sem nada pedir em troca, sem pensar em cargos ou proveitos pessoais.

Faz-se de talento. Somos bons em inovação empresarial, em qualidade académica e científica, em criatividade artística e cultural, em investigação. Lideramos projectos mundiais em diversas áreas. Temos enorme potencial no desporto, na música, no cinema, mas às vezes deitamos tudo a perder com invejas mesquinhas.

Faz-se de acção. Por vezes de protesto. De grito. De revolta. Mas também de cumplicidade, de ajuda a quem precisa e de luta por mais justiça, mais oportunidades e mais cultura cívica.

Urge mudar de atitude. Experimentemos trocar o calculismo pelo risco, a dependência pela iniciativa, o ter pelo ser, o facilitismo pela exigência, os pesadelos pelo sonho, o banal pelo essencial, a incerteza pelo rumo, o palpite pelo conhecimento e as coisas pelas pessoas.

Temos que acreditar no futuro que precisa do melhor que há em cada um de nós, levando para a vida a adrenalina, as conquistas, a descoberta, a irreverência, a aprendizagem e o o sonho deste tempo irrepetível. É pelo futuro que vamos. Juntos. Sem pressas pois “uma grande viagem começa com um só passo”.