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Venezuela repudia “cínica” disponibilidade dos EUA para apoiar povo

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O Governo venezuelano disse hoje que os Estados Unidos “burlam” a comunidade internacional ao oferecerem ajuda humanitária ao país, quando “persiste com as tentativas de desestabilização e ataca com sanções económicas”.

Em comunicado hoje divulgado, o executivo de Nicolás Maduro rejeita “categoricamente o cínico” anúncio da porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert, que expressou esta sexta-feira a preocupação dos EUA para com o povo venezuelano, que vive “péssimas condições”, indicando que Washington está pronta para abastecer a população com comida.

Estes fornecimentos, acrescentou a responsável, “poderão ser disponibilizados de imediato caso o Governo da Venezuela aceite assistência humanitária internacional”, instando Maduro a “deixar de negar as necessidades do seu povo e permitir que lhe chegue ajuda da comunidade internacional”.

O executivo venezuelano disse hoje estar surpreendido que os EUA “estejam em condições de oferecer alimentos e outro tipo de ajuda de emergência à Venezuela quando há poucas semanas foi incapaz de responder correctamente à crise causada pela recente temporada de furacões em Porto Rico”.

Assim, o Governo de Caracas exortou o Presidente norte-americano, Donald Trump, a fazer “esforços” para melhorar as “críticas condições” em que, disse, vive um “amplo” sector da população norte-americana.

A administração de Maduro pede a Trump que ponha fim à “perseguição política e económica” e às “ameaças à segurança e integridade” da Venezuela.

O país da América do Sul atravessa um cenário de crise económica, com uma escassez de alimentos básicos e de medicamentos, que levou o país a uma hiperinflação e que os críticos de Maduro atribuem às “más” políticas de Nicolás Maduro.

Entretanto, representantes da oposição consideraram que a nova ronda de diálogo com o Governo venezuelano marcada para os dias 11 e 12 de janeiro apenas pretende “ganhar tempo” para a administração de Maduro.

A Aliança Bravo Povo (ABP), do opositor Antonio Ledezma, e a formação Vente Venezuela, de María Corina Machado, não participaram na segunda reunião formal entre Governo e oposição, esta sexta-feira, na República Dominicana.

Para a ABP, nenhuma das reuniões já realizadas conseguiu abrir caminho para as “possíveis soluções da dramática crise que afecta os cidadãos” venezuelanos, enquanto o outro movimento considerou que a “Venezuela já teve mentiras suficientes”.

No final da reunião, o Presidente dominicano, Danilo Medina, intermediário nestas negociações, disse que houve “avanços notáveis”.

No encontro participaram os partidos com mais deputados da oposição venezuelana, que procuram obter garantias eleitorais para as eleições presidenciais previstas para 2018.

Os partidos também reclamam a abertura de um canal humanitário que permita o envio de medicamentos e alimentos, uma alteração na composição do Conselho Eleitoral, a libertação dos detidos que consideram “presos políticos” e a restituição de poderes constitucionais que foram retirados ao parlamento, onde a oposição é maioritária.

Por sua parte, o regime chavista pede o levantamento das sanções económicas impostas a alguns dos seus funcionários e a legitimação da Assembleia Constituinte, que vários governos não reconhecem.