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Sistema de saúde de Gaza está em “estado crítico”

FOTO Reuters
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Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas advertiram hoje que o sistema de saúde da faixa de Gaza se encontra em “estado crítico”, insistindo na urgência de uma resposta internacional às necessidades médicas da população.

Num comunicado, os especialistas recordam a Israel que “como força ocupante” tem obrigação de proteger a população em Gaza e permitir ou facilitar o acesso aos cuidados de saúde de quem o necessite.

Os cuidados de saúde na faixa de Gaza, afectados por 11 anos de bloqueio por parte de Israel e por períodos de não-cooperação com a Autoridade Nacional Palestiniana, sofreram recentemente o impacto das vítimas das represálias militares israelitas contra os protestos no âmbito da “marcha do retorno”.

“Estamos profundamente preocupados com o facto do tratamento e os cuidados de milhares de palestinianos de Gaza feridos nas últimas 12 semanas pelo exército israelita terem deixado o sistema de saúde em estado crítico”, disseram os peritos da ONU.

Segundo o Ministério da Saúde, quase 8.600 manifestantes foram admitidos num hospital, incluindo perto de 3.900 feridos a tiro e muitos outros com ferimentos permanentes como amputações.

“É inaceitável que a muitos dos que necessitam atenção médica, actualmente não disponível em Gaza, lhe tenha sido negada autorização para deixar a região em busca de cuidados de saúde”, indicaram os especialistas.

“Negar o acesso a serviços médicos de urgência fora da faixa (de Gaza) aos feridos graves é uma violação do direito à saúde”, adiantaram.

Os peritos evocam casos em que doentes tiveram alta prematura para permitir a entrada de outros, o adiamento de 6 mil operações não urgentes, a falta de alguns medicamentos básicos e a sobrecarga dos serviços de reabilitação.

Neste contexto pediram uma resposta internacional que conte com o apoio de organizações não-governamentais locais para disponibilizar pessoal, medicamentos e material de saúde.

Os palestinianos de Gaza iniciaram a 30 de março um movimento de contestação designado “marcha do retorno”, que reivindica o regresso dos refugiados palestinianos às terras de onde foram expulsos ou fugiram após a criação do Estado de Israel, em 1948, assim como o fim do bloqueio israelita à faixa de Gaza.

Pelo menos 132 palestinianos foram mortos na faixa de Gaza por tiros israelitas desde então. Segundo a Cruz Vermelha Internacional, cerca de 1.400 palestinianos foram atingidos por três a cinco balas, a maioria nas pernas.