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Sindicato diz que há “fortes riscos de greve” na Air France

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O sindicato CGT-Air France afirmou hoje que há “fortes riscos de greve” na companhia, num cenário em que o novo homem forte do grupo Air France-KLM, Benjamin Smith, não consiga dialogar com os sindicatos.

Um dia depois da nomeação do número 2 da Air Canada para presidente executivo (CEO) da Air France, que iniciará funções em 30 de setembro, Vincent Salles, dirigente no CGT-Air France, afirma que uma das primeiras coisas que o novo CEO terá de fazer é debater questões salariais.

“Estamos determinados e há fortes riscos de greve se Benjamin Smith não for capaz de conduzir um diálogo com os sindicatos da Air France”, afirmou o dirigente sindical, em entrevista à radio France Info.

Salles afirmou ainda os receios de que a missão de Smith seja “aumentar o peso do ‘low cost’ [baixo custo] no seio do grupo em detrimento da empresa mãe, a Air France”.

“E implementar acordos que degradarão as condições de trabalho e os salários”, criticou.

As ações da Air France caíam 2% ao início da manhã, para 8,88 euros, em Paris, como relatou a Bloomberg, que lembrou que a empresa perdeu 33% este ano devido aos conflitos laborais.

Ainda antes da nomeação de Smith, nove sindicatos da transportadora aérea Air France consideravam “inconcebível” a nomeação de um “dirigente estrangeiro” para a presidência do grupo Air France-KLM.

Depois de ter convocado 15 dias de greve desde fevereiro, com base em reivindicações salariais, a intersindical referiu ser “inconcebível que a companhia Air France, francesa desde 1933, caia nas mãos de um dirigente estrangeiro, cuja candidatura seria empurrada por um grupo concorrente”, segundo um comunicado enviado à agência noticiosa France Presse.

A alusão ao concorrente refere-se à Delta Airlines, companhia norte-americana que detém 8,8% do capital da Air France-KLM. O Estado francês tem 14,3% da empresa.

A intersindical reúne-se no próximo dia 27 para “determinar as ações” que podem ser tomadas em setembro para “obter o fim do bloqueio”.

Ameaças de novas greves já foram feitas por sindicatos dos pilotos da Air France e da KLM.

Benjamin Smith sucede a Jean-Marc Janaillac, demissionário depois de fracassar a ideia de referendo para haver um acordo com os trabalhadores.