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OMS preocupada com casos de coronavírus sem ligação clara quanto a contágio

O director-geral da Organização Mundial de Saúde deixa apelo urgente a todos os países para se prepararem

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O director-geral da Organização Mundial de Saúde deixou, este sábado, um apelo urgente a todos os países para prepararem a sua resposta ao novo coronavírus, devido aos novos casos de coronavírus registados fora da China e sem uma “ligação epidemiológica clara”, isto é, sem uma ligação clara quanto ao contágio.

Na sua página oficial da rede Twitter, onde transmitiu em directo o relatório matinal, Tedros Adhanom Ghebreyesus reconheceu que, apesar do reduzido número de contágios fora da China, têm estado a surgir pessoas infectadas que não tiveram contacto com qualquer caso confirmado, nem historial de viagens para a China.

Em Itália, o país europeu mais atingido pela epidemia (com cerca de 30 casos diagnosticados), garante que não foram detectadas ligações a locais ou pessoas contaminadas com o COVID-19.

O presidente da região de Veneza, Luca Zaia, afirmou à RaiNews24 que “a grande questão” é precisamente a origem da infecção, já que dos doentes não tiveram “qualquer contacto” com chineses ou com pessoas vindas da China.

Do mesmo modo, na Coreia do Sul, as autoridades assinalaram que o surto mais recente, identificado num hospital de Cheongdo, terá tido como paciente zero uma mulher de 61 anos que não sabia estar infectada. Salientam que não há registos de que a mulher tenha viajado para fora da Coreia do Sul nas últimas semanas.

O director-geral da OMS salientou ainda a necessidade imperativa de evitar que o vírus chegue países com sistemas de saúde frágeis, como os das economias africanas mais pobres e apelou ainda a doações de 675 milhões de dólares para apoiar estes países.

A OMS afirmou na sexta-feira, que a janela de oportunidade para evitar uma pandemia está a fechar-se. Apesar de Pequim ter anunciado que a epidemia está sob controlo no país, a Organização Mundial de Saúde mantém-se prudente.

Desde que foi detectado no final do ano passado, na China, o coronavírus Covid-19 provocou mais de 2.345 mortos e infectou mais de 76 mil pessoas a nível mundial.

A maioria dos casos ocorreu na China, em particular na província de Hubei, no centro do país, a mais afectada pela epidemia.

Além das vítimas mortais no continente chinês, morreram cinco pessoas no Irão, três no Japão, duas na região chinesa de Hong Kong, duas na Coreia do Sul, uma nas Filipinas, uma em França, uma em Taiwan e uma em Itália.

As autoridades chinesas isolaram várias cidades da província de Hubei para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.

De acordo com os dados recolhidos até agora, a doença mantém-se moderada em 80 por cento dos pacientes, sendo grave ou crítica para os restantes 20 por cento. O vírus tem sido fatal em cerca de dois por centos dos casos. O risco de morte aumenta para as pessoas mais idosas, acrescentou Tedros esta manhã, sublinhando que têm sido registados muito poucos casos entre crianças.

O responsável da OMS alertou ainda para a ameaça que o alastrar da epidemia, em cerca de sete semanas, significa para a estabilidade do mundo inteiro.