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Nobel da Paz para Nadia Murad e Dennis Mukwege

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Os activistas Denis Mukwege e Nadia Murad venceram o Nobel da Paz 2018, anunciou, esta sexta-feira, em Oslo, o Comité Nobel.

O Comité justificou a decisão com os esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.

Denis Mukwege, com 63 anos, é um médico ginecologista congolês que tem desenvolvido uma acção humanitária na República Democrática do Congo, onde trata mulheres vítimas de violação.

O médico é um dos maiores especialistas mundiais na reparação e tratamento de danos físicos provocados por violação e no seu hospital em Bukavu trata mulheres que foram violadas por milícias na guerra civil do Congo.

Durante os 12 anos de guerra tratou mais de 21.000 mulheres, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer mais de 10 cirurgias por dia.

Mukwege também já foi galardoado com os prémios Olof Palme (2008), Sakharov (2014) e veio a Portugal receber o Prémio Calouste Gulbenkian em 2015.

Nadia Murad é uma ativista de direitos humanos yazidi e é, desde setembro de 2016, a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Murad, então com 21 anos, foi sequestrada pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em agosto de 2014 e mantida como escrava sexual na cidade de Mossul.

Nadia Murad fugiu em novembro de 2014, conseguindo chegar a um campo de refugiados no norte do Iraque, e, em seguida, a Estugarda, na Alemanha.

Desde então tem sido porta-voz da causa yazidi, tal como a sua amiga Lamia Haji Bachar, com a qual venceu, em conjunto, o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016.

Estima-se que mais de 3.000 yazidis permaneçam desaparecidos.

Dos 331 candidatos propostos para a edição deste ano, 216 eram pessoas individuais e 115 organizações. Entre as várias figuras mencionadas este ano constavam o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, relacionado com o facto de ter iniciado um diálogo classificado como “histórico” com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

No ano passado, o prémio foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês), pelo trabalho feito para a eliminação de armamento nuclear no mundo.

O anúncio do prémio, o único Nobel a ser decidido e revelado em Oslo, aconteceu hoje às 11 horas locais (10 horas em Lisboa). A cerimónia de entrega do prémio está agendada para 10 de Dezembro em Oslo.