Mundo

Muçulmanos alemães pedem que islamofobia seja mencionada como um problema

None

As principais organizações muçulmanas na Alemanha pediram hoje, dois dias após o ataque de extrema-direita na cidade de Hanau, que se mencione especificamente a islamofobia como um problema e como a principal motivação do assassino.

“Sabemos que o assassino escolheu as suas vítimas porque eram muçulmanos. Quem não menciona a islamofobia torna-se cúmplice”, disse o presidente do Conselho de Coordenação dos Muçulmanos, Zekeriya Altug.

Altug lembrou que foi feita imediatamente uma homenagem em memória das vítimas, mas lamentou, em particular, que o Presidente alemão, Frank Walter Steinmeier, não tenha mencionado especificamente o problema da islamofobia.

O presidente do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, também lamentou que, no momento, haja conversas permanentes sobre a mente do assassino e muito pouco sobre as vítimas.

“Fala-se muito sobre o psíquico do assassino e muito pouco sobre as vítimas”, realçou Mazyek, que leu alguns dos nomes das pessoas que morreram no ataque em Hanau.

Altug e Mazyek, assim como Burhan Kesici, do Conselho Islâmico, propuseram a criação de um gabinete de luta contra a islamofobia, semelhante ao já existente do Governo alemão para a luta contra o antissemitismo.

“O antissemitismo e a islamofobia andam de mãos dadas. Não se pode combater um sem combater o outro”, salientou Altug.

Na noite de quarta-feira registaram-se dois tiroteios na cidade de Hanau, no centro da Alemanha, que provocaram a morte de nove pessoas.

Os tiroteios ocorreram em dois bares de fumadores de cachimbo de água (shisha), o primeiro no centro de Hanau -- a cerca de 20 quilómetros de Frankfurt -, e o outro numa zona próxima da cidade.

O suspeito fugiu, mas foi encontrado, na mesma noite, morto na sua casa, ao lado do corpo da sua mãe, de 72 anos, segundo o ministro do Interior do estado de Hesse, Peter Beuth.

Tanto o suspeito como a mãe tinham ferimentos de balas e a arma estava com o atirador.

A Procuradoria Federal alemã considerou que as investigações sobre os disparos tiveram “motivação xenófoba”, indicando que o ataque em cafés frequentados por cidadãos do Médio Oriente pode ter sido levado a cabo por um extremista de direita.