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Detido no Egipto responsável de ONG sobre desaparecimentos forçados

O regime de Al-Sisi restringe consideravelmente o campo de actuação das ONG internacionais e locais.
O regime de Al-Sisi restringe consideravelmente o campo de actuação das ONG internacionais e locais.

O responsável da união das famílias de desaparecidos, igualmente ligado ao ‘dossier’ do estudante italiano morto no Egipto Giulio Regeni, foi preso no domingo no aeroporto do Cairo, referiram hoje membros da associação e fontes judiciais.

Ibrahim Metwally, conhecido pelo seu envolvimento junto dos familiares das vítimas de desaparecimentos forçados, foi detido pela segurança do aeroporto quando se deslocava para Genebra, onde iria participar na 113ª sessão do grupo de trabalho de desaparecimentos forçados ou involuntários das Nações Unidas.

O advogado, principal responsável da sua ONG, é acusado de dirigir uma organização ilegal, difundir falsas informações e ainda de “ligações” com o estrangeiro, que são habitualmente dirigidas às organizações não-governamentais (ONG) egípcias.

Após ser presente ao procurador da Segurança de Estado, deverá permanecer em prisão preventiva pelo menos 15 dias, segundo fontes de segurança, uma informação confirmada pela associação, indicou a agência noticiosa France-Presse (AFP).

Desde 2013, com a subida do poder do marechal Abel Fattah al-Sisi, na sequência do golpe militar que derrubou o presidente pró-islamita Mohamed Morsi, têm-se multiplicado os desaparecimentos forçados no país.

Em Maio, Al-Sisi promulgou ainda uma lei que restringe consideravelmente o campo de actuação das ONG locais.

Em Agosto, os Estados Unidos anunciaram a intenção de congelar parte da sua ajuda militar e económica ao Cairo, devido às violações dos direitos humanos e em particular devido à lei sobre as ONG.

Metwally também tem mantido contínuos contactos com a defesa de Giulio Regeni, um jovem investigador universitário italiano desaparecido no Cairo em 25 de Janeiro de 2016 e encontrado morto com sinais de tortura em 03 de Fevereiro.

Os sucessivos adiamentos por parte das autoridades egípcias no inquérito comum provocaram uma crise diplomática com Roma.