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Colapso de barragem no Brasil que matou 270 pessoas leva à justiça duas empresas e 16 pessoas

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A Justiça brasileira aceitou na sexta-feira a denúncia do Ministério Público contra a empresa brasileira Vale, a companhia alemã Tüv Süd e mais 16 pessoas no caso do colapso da barragem em Brumadinho, que provocou 270 mortos.

No mês passado, o Ministério Público (MP) de Minas Gerais denunciou as duas companhias e as 16 pessoas pelo crime de homicídio doloso, em que há a intenção de matar, por considerar que esconderam a real situação de segurança da barragem pertencente à Vale.

De acordo com a imprensa local, com a decisão, os denunciados passam agora à condição de réus no processo e todos irão responder 270 vezes por homicídio doloso, o mesmo número de vítimas mortais do colapso da barragem em Brumadinho, estado brasileiro de Minas Gerais, em 25 de janeiro.

Além dos crimes de homicídio doloso, os suspeitos responderão ainda por crimes ambientais.

Entre os envolvidos estão o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, 10 funcionários da companhia brasileira, e cinco da empresa de consultoria alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da barragem.

Um ano após a rutura da barragem da Vale, a pequena cidade de Brumadinho permanece devastada e algumas famílias ainda não recuperaram os corpos dos seus familiares.

Em 25 de janeiro de 2019, a barragem da mina Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho, cedeu, despejando milhões de toneladas de lama e resíduos de minérios.

A torrente de lama castanho-avermelhada matou 270 pessoas, destruiu casas, estradas e árvores e contaminou rios.

Do total de mortos, 259 corpos foram encontrados, enquanto 11 vítimas ainda são consideradas desaparecidas.

O governador do estado brasileiro de Minas Gerais, Romeu Zema, disse no final de janeiro último que a Vale resiste em fechar um acordo para obras compensatórias dos estragos provocados pela rutura da barragem.

“A empresa [Vale] tem de reparar o estado fazendo grandes obras de infraestruturas, obras de caráter social (...), mas temos enfrentado bastante resistência da empresa”, disse Romeu Zema.

O governador também frisou que se a Vale não fechar um acordo de compensação, a questão será alvo de disputa judicial.

Além das vítimas, o governador alegou que o desastre motivou preocupação quanto ao abastecimento de água em Belo Horizonte, capital regional de Minas Gerais, porque um rio que abastecia a região foi atingido pela enxurrada de lama.

A Vale comprometeu-se a construir uma nova área de captação no rio Paraopeba, mas o governo de Minas Gerais alega que existem diversas barragens da mineradora no estado que podem ruir e afetar outras zonas, exigindo que a empresa faça mais obras de infraestruturação

A empresa brasileira esteve envolvida há quatro anos numa outra catástrofe semelhante, ocorrida numa das minas da sua subsidiária Samarco no estado de Minas Gerais, na cidade de Mariana, na qual morreram 19 pessoas.