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51 homicídios em 48 horas de motim policial no Brasil

Foto Shutterstock
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Cinquenta e uma pessoas foram assassinadas no estado brasileiro do Ceará, entre quarta e quinta-feira, quando ocorria o motim de polícias militares que teve início na noite de terça-feira, informaram na sexta-feira fontes oficiais.

O número de mortos foi transmitido à agência Lusa pela Secretaria da Segurança Pública do Ceará, acrescentando que os 51 casos estão divididos entre homicídio doloso - em que há intenção de matar, feminicídio, lesão corporal seguida de morte e latrocínio (roubo seguido de homicídio).

O Ceará, um estado de nove milhões de habitantes, do tamanho da Grécia, está a passar por uma crise de ordem pública nos últimos dias que atingiu o seu pico na quarta-feira, quando o senador Cid Gomes, irmão do ex-candidato presidencial Ciro Gomes, levou dois tiros no peito enquanto tentava entrar num quartel da polícia com uma retroescavadora na cidade de Sobral. O seu estado de saúde está estável.

Os protestos no Ceará começaram na terça-feira, quando pessoas encapuzadas e mascaradas - alegadamente agentes policiais reivindicando aumentos salariais e melhores condições de trabalho - fecharam quartéis em diferentes cidades do estado e perfuraram os pneus de carros de patrulha.

Polícias militares, que no Brasil têm estatuto militar, são constitucionalmente proibidos de fazer greve, numa decisão que foi ratificada em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal, a mais instância judicial do país.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, assinou na quinta-feira um decreto autorizando o envio de tropas das Forças Armadas para o estado do Ceará, para reforçar a segurança na região, após os motins de polícias.

O envio das Forças Armadas atendeu a um pedido de reforço feito pelo governador do Ceará, Camilo Santana.

Além da mobilização das Forças Armadas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública brasileiro enviou na sexta-feira cerca de 300 agentes da Força Nacional para o Ceará, também a pedido de Camilo Santana.

A previsão é de que estas tropas federais fiquem no Ceará nos próximos 30 dias.

A proposta do governo estadual é aumentar o salário dos polícias militares dos atuais 3.200 reais (672 euros) para 4.500 reais (945 euros), em aumentos progressivos até 2022. O grupo de agentes que está em protesto reivindica que o aumento para 4.500 reais seja implementado já este ano.

Face ao aumento da violência, pelo menos oito municípios daquela região nordestina viram-se obrigados a cancelar os seus festejos de Carnaval.

As localidades de Paracurú, Milagres, Canindé, Forquilha, General Sampaio, Horizonte, Paraipaba e São Luís do Curu anunciaram que as suas festas de Carnaval, programadas para começarem na sexta-feira, foram canceladas devido à falta de condições para garantir a segurança pública.

A secretaria de Segurança Pública do Ceará, por sua vez, confirmou a realização dos festejos em Fortaleza, capital regional.