Madeira

Malparado das empresas desce quase 52% com a banca a emprestar como não fazia há 8 anos

Famílias, instituições sem fins lucrativos e sociedades não financeiras tinham 4.757,5‬ milhões de euros sob empréstimo bancário, 724,2‬ milhões dos quais vencidos

Foto Shutterstock
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Apesar do rácio de empréstimos vencidos das sociedades não financeiras estar a diminuir de forma pronunciada no final de 2019, a verdade é que a banca também reduziu o valor global empenhado nas empresas madeirenses, ainda que tenha aumentado o número de sociedades que recorreram aos préstimos do sector financeiro.

“Segundo os dados do Banco de Portugal, no final de 2019, o saldo dos empréstimos concedidos a cerca de 3.600 sociedades não financeiras (SNF) na Região não ultrapassava os 1.513,8 milhões de euros, inferior em 166,1 milhões de euros em termos homólogos (-9,9%), confirmando assim a tendência decrescente verificada ao longo do ano”, diz a DREM na antecipação das ‘Estatísticas Monetárias e Financeiras Regionais do Banco de Portugal’.

“De notar que o número de sociedades com empréstimos cresceu de 3,3 mil para 3,6 mil entre o final de 2018 e o final de 2019, o que acontece pela primeira vez nos últimos 8 anos”, frisa a Direcção Regional de Estatística.

“Por sua vez, o montante de empréstimos vencidos não ultrapassava os 120,3 milhões de euros em dezembro de 2019, decrescendo em 129,7 milhões de euros (-51,9%) comparativamente ao mesmo mês de 2018. Esta evolução permitiu reduzir o rácio de empréstimos vencidos na Região entre o final de 2018 e de 2019, de 14,9% para 7,9%, respetivamente. Apesar da convergência com o país, a RAM continua a apresentar um rácio superior, sendo que no cômputo nacional, este indicador passou de 7,8% em dezembro de 2018 para 4,6% em dezembro de 2019”, acrescenta. “A percentagem de devedores do sector das SNF com empréstimos vencidos no final de 2019 era de 20,4%, valor superior ao nacional (18,5%). Face a dezembro de 2018, este indicador diminuiu 0,3 pontos percentuais na Região”.

Um em cada três euros de crédito das famílias é para o consumo

Já “no sector das famílias e das Instituições Sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias (ISFLSF), o saldo dos empréstimos concedidos era em dezembro de 2019 de 3.243,7 milhões de euros, inferior aos 3.468,1 milhões de euros (-6,5%) de um ano antes. 65,0% daquele saldo era referente ao segmento da ‘habitação’ e os 35,0% restantes ao ‘consumo e outros fins’. Comparativamente a dezembro de 2018, o saldo dos empréstimos concedidos referente ao primeiro segmento diminuiu 0,8%, enquanto no caso do segundo a redução foi mais expressiva (-15,4%)”, aponta.

Por outro lado, “o número de devedores no sector das famílias e das ISFLSF ascendia a 101,6 mil no final de 2019, apresentando uma tendência crescente no último ano (+10,1%), transversal aos segmentos ‘habitação’ (+2,8%) e ‘consumo e outros fins’ (+12,1%). Desde 2009 (ano a partir do qual existem dados), é apenas a segunda vez em que o número de devedores cresce numa perspetiva anual, sendo que em 2019 isso assumiu uma forma especialmente pronunciada e muito impulsionada pelo segmento ‘consumo e outros fins’”, aponta quase como uma advertência.

Por fim, “relativamente aos empréstimos vencidos no segmento da habitação, os mesmos não ultrapassavam os 29,6 milhões de euros, representando um rácio de empréstimos vencidos de 1,4%, percentagem acima do valor nacional (0,8%). Entre o final de 2018 e de 2019, o rácio de empréstimos vencidos de ‘habitação’ reduziu-se em 0,5 pontos percentuais na Região”, conclui a DREM.

No entanto, olhando em pormenor as contas, nota-se que já mais de metade do crédito ao ‘consumo e outros fins’ está em incumprimento. Ou seja, no final do ano passado, um total de 50,6% (o rácio de incumprimento nacional é de 6,7%) das dívidas contraídas para a compra de outros bens que não a casa, valor alto mas que não se compara aos 71,9% de incumprimento em Junho de 2017, atingindo-se agora a percentagem mais baixa desde Abril de 2017 (53,0%).