Madeira

Madeira avança para “independência” nas telecomunicações

Assinatura do contrato para projecto de nova ligação em cabo submarino ao continente foi formalizada esta manhã

Rui Rebelo, Pedro Calado, Miguel Albuquerque e João Pedro Lima na assinatura do contrato esta manhã.  Foto PGRM
Rui Rebelo, Pedro Calado, Miguel Albuquerque e João Pedro Lima na assinatura do contrato esta manhã. Foto PGRM

O projecto de ligação em cabo submarino entre o Brasil (Salvador da Baía) e a Europa (Sines) deu hoje mais um passo, com a assinatura do contrato que faz da Empresa de Electricidade da Madeira (EEM) parceiro da Elialink, e colocando a Madeira com boas perspectivas de vir a ter, num futuro próximo, dois anos, comunicações mais rápidas, mais baratas e potencial atractivo de investimentos de empresas tecnológicas.

Esta visão foi apontada pelos três intervenientes na sessão que decorreu no Museu Casa da Luz, cabendo ao presidente da EEM, Rui Rebelo, referir a “grande importância para o desenvolvimento empresarial e para a estratégia digital” da RAM, pondo fim também a um sistema de monopólio que impedia a Região de dar o passo em frente que pretendia. Com período útil de vida de 25 anos de uma ligação que será de 1.100 km do Funchal a Sines, e pagando 13,6 milhões de euros, a EEM fica assim em posição de poder contribuir para a descida de preços das comunicações, facto que tem sido sempre apontado como castrador de investimentos externos.

João Pedro Lima, director-geral da Elialink, lembrou por seu turno que os cabos submarinos são, hoje, responsáveis por 99% do tráfego de dados do mundo. Num discurso que não podia deixar de ser optimista, o gestor brasileiro inclusive disse que, com esta ligação, a “Madeira entra na Liga dos Campeões das comunicações”.

Albuquerque crítico e animado para vencer

Por fim, ao presidente do Governo Regional coube o discurso mais crítico, nomeadamente para o monopólio que tem sido alvo de críticas políticas há vários anos e para a República que, uma vez mais, frisou, não assume o papel que lhe cabe em garantir a continuidade territorial entre as regiões portuguesas. Miguel Albuquerque não deixou de elogiar a estratégia assumida para a EEM, que está na “vanguarda e é empresa estratégica para a Região”, não só neste projecto como em muitos outros, como são os casos da hidroeléctrica da Calheta ou de transformar o porto Santo numa ilha livre de combustíveis fósseis.

Voltando às críticas nacionais, o governante lembrou que em Espanha é assumida a ligação aérea e marítima com os seus arquipélagos, tendo o governo central assumido 75% dos custos para os passageiros, nomeadamente de Canárias, ao contrário da “miopia política” portuguesa. Miguel Albuquerque vai mais longe ao dizer que a destruição de valor da empresa nacional [PT] que tinha o projecto dos cabos submarinos foi feita por “ladrões e vigaristas”, daí que defenda que enquanto for presidente do Governo nunca irá privatizar a EEM que, mantendo-se na esfera pública irá cumprir três objectivos, nomeadamente neste projecto que garantirá a sua “independência tecnológica”.

Estar na vanguarda da tecnologia, garantir preços mais baixos nas ligações e assegurar as condições para que a Madeira seja potencial atractivo de empresas tecnológicas, embora “a Região já tenha três das principais empresas tecnológicas do país”, disse.

Por fim, pegando com a analogia do gestor da Elialink, o líder do Executivo regional lembrou que “para fazer golos é preciso que o jogador tenha muita habilidade”, concluindo que a Região, através da EEM, não entrou neste projecto para participar, mas sim “para ganhar a Liga dos Campeões”.