Madeira

Liliana Rodrigues questiona comissário sobre a situação dos direitos humanos na Turquia

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O Parlamento Europeu foi o palco, durante o dia de ontem, de um debate conjunto sobre a situação dos direitos humanos na Turquia e em Afrin, região do norte da Síria. A eurodeputada Liliana Rodrigues marcou presença numa discussão que se alongou por mais de uma hora e meia.

A Turquia iniciou no dia 20 de Janeiro uma operação militar contra Afrin, uma cidade controlada por milícias curdas, apoiadas pelos Estados Unidos da América desde o início da guerra civil síria, em 2012, e que combateram o auto proclamado Estado Islâmico naquela região. O chefe de governo turco referiu que esta operação tem como objetivo combater o “terror curdo” na fronteira com o território turco. O balanço mais recente é de 70 civis mortos e cerca de 600 pessoas detidas na Turquia em manifestações de oposição ao ataque.

No momento da sua intervenção, Liliana Rodrigues referiu que “a Turquia tem o direito de proteger as suas fronteiras, mas não tem o direito de entrar num país, neste caso a Síria, e decidir quem fica e quem sai” e questionou o Comissário Johannes Hahn sobre o valor destas mortes no acordo sobre os refugiados entre a União Europeia e a Turquia.

A parlamentar alertou ainda para a falta de liberdade de expressão na Turquia, que nos últimos tempos traduziu-se na detenção de “seis centenas de cidadãos e de todos aqueles que se opõem ao ataque em Afrin”, resultado de uma “onda de repressão” que as vozes dissidentes às opções do regime de Erdogan têm vivido.

A finalizar o seu discurso, Liliana Rodrigues afirmou ainda que “não é terrorista quem pensa de maneira diferente” ou quem “é diferente”, mas é “terrorista quem mata por ódio”. É importante relembrar que a eurodeputada socialista, durante a sua visita à Turquia, em 2016, no âmbito de Comissão dos Direitos Humanos, em reuniões com várias organizações governamentais, defendeu a revisão da lei antiterrorismo naquele país, devido à forma como é interpretada, pondo em causa o trabalho das Organizações Não-Governamentais e a realização de quaisquer manifestações contrárias à linha do regime turco.

Segundo dados de 2017, na sequência da tentativa de golpe de Estado em 2016, foram demitidos e inabilitados de ocupar cargos públicos cerca de 150 mil funcionários. O número de presos chegava a cerca 50 mil.