Madeira

Governante da ilha do Príncipe quer imitar a Madeira e criar “residências fiscais”

O presidente de São Tomé e Príncipe encontra-se esta semana em Lisboa.
O presidente de São Tomé e Príncipe encontra-se esta semana em Lisboa.

O presidente do executivo regional do Príncipe, António José Cassandra, apontou hoje a aposta na pesca, na agricultura e no turismo para atrair investimento estrangeiro e permitir um “salto qualitativo e quantitativo” em São Tomé e Príncipe.

“Eu estou convencido de que se actuarmos correctamente nesses três sectores - turismo, agricultura e pesca -, São Tomé e Príncipe dará um salto quantitativo e qualitativo”, disse o governante, em entrevista à Lusa em Lisboa, onde se encontra esta semana.

Quanto à pesca, Cassandra salientou o “enorme potencial” deste sector, recordando que São Tomé e Príncipe tem uma superfície marítima 160 vezes maior do que a terrestre.

“Devíamos olhar para a pesca numa perspectiva empresarial, em que iríamos formar quadros, criar infra-estruturas, termos um porto pesqueiro, mas que servisse também de transformação do próprio pescado.

Criaríamos muitos postos de emprego, uma cadeia de exportação, para permitir a entrada de divisas para o país, que é fundamental”, afirmou, lamentando que o país actualmente exporte “muito pouco”, além do “cacau, algum turismo ou pimenta”.

Na agricultura, propõe a diversificação, por exemplo, para a plantação de baunilha ou de “café com qualidade”, com vista à exportação, defendendo “uma política de atracção de investimentos estrangeiros para estas áreas”.

Falta também no país uma fileira de transformação de frutas, como conservas e frutos secos, “com alta qualidade para conquistar um nicho no mercado internacional”, sustentou.

“Com o turismo, com a agricultura e a pesca, podemos fazer entrar investidores estrangeiros directos que possam actuar nessas áreas, de forma a garantirmos o crescimento económico. Tínhamos de pensar seriamente nisso”, salientou.

‘Tozé’ Cassandra, como é conhecido, aponta ainda os serviços como uma área a explorar pelo país, “dada até a localização”, e de que “se fala muito pouco”.

“Devíamos acrescentar serviços da área financeira, dada a estabilidade que o país tem. Fazemos parte de uma sub-região com mais de 250 milhões de habitantes. Temos condições para atrair outros serviços e, nessa área, há muito que se podia fazer”, considerou.

Cassandra sugeriu ainda a criação, em São Tomé e Príncipe, de “residências fiscais”, sobretudo “garantindo a segurança, a estabilidade, a tranquilidade a quem esteja à procura”, como “acontece na Madeira”, recusando a designação de ‘off shore’.

Além disso, o país também pode ser escolhido como sede de empresas, sugeriu, recordando que se situa “a menos duas horas de avião de cerca de dez capitais africanas”.