Só por 3 semanas não ter barco!

Quando vi na TV um pequeno grupo de pessoas em manifesto contra a Porto Santo Line pelo facto de ficarem sem a ligação do Lobo Marinho durante 3 semanas, disse para comigo “ perdi a oportunidade”. E por quê ?

Quando foram realizadas as festividades dos 600 anos no Porto Santo com grande pompa, comecei a pensar que tudo aquilo, para além da estátua do Infante Dom Henrique, era efémero. Era necessária alguma coisa de interesse cultural para enriquecimento do Porto Santo, Cidade, que ficasse para a história de tão importante data. Como sou uma apaixonada pelos órgãos - fui responsável pelo levantamento dos órgãos da Madeira - porque não um órgão na Igreja de Nossa Senhora da Piedade no Porto Santo, possibilitando assim a sua integração no programa do Festival de Órgãos que anualmente se realiza na Madeira.

Tratei imediatamente de contactar o organeiro, senhor Dinarte Machado, que de pronto enviou-me um esboço e respectivo cálculo de custos.

Enviei os dados a uma entidade oficial, mas como não obtive resposta e não sou pessoa de mendigar, resolvi bater a outra porta, que não me negou liminarmente, tendo ficado agendada para o mês janeiro uma reunião para estudar o assunto. Fiquei satisfeita e esperançada na concretização do meu sonho.

Sonho perdido, pois com quem ia negociar e que me tinha dado esperanças para tão importante realização, era a empresa da Porto Santo Line!

Depois do que vi e ouvi contra aquela Empresa, já não tenho coragem de pedir para ser recebida pela sua Direção e eu compreendo perfeitamente uma recusa.

É certo que aquele pequeno grupo não é representativo da população do Porto Santo, mas os restantes calaram-se e quem cala consente.

Gostava de saber o por quê de tanta aflição por 3 semanas não poderem vir à Madeira de barco, quando têm como recurso o avião da Binter duas vezes por dia (a preços bonificados), o avião militar paras as urgências de saúde e um navio mercante semanal para o transporte de cargas? Alguém pensou nos custos para a empresa, com viagens com 30 passageiros ou menos, como por vezes acontece nesta altura do ano?

Um dos manifestantes diz no D.N.: “Neste momento é mais caro vir ao P.S. do que ir a Lisboa ou mesmo aos Açores”. O que é que isto tem a ver com o Lobo Marinho?

Não sejam tão revoltados! Já houve tempos muito piores, mas que rapidamente as pessoas se esqueceram. Eu, como fui pela primeira vez ao Porto Santo em 1931, ainda bem me lembro!

Manuela Aranha