Rumo à Paz Universal

Li com grande interesse a carta publicada no Diário de Notícias da Madeira, na página 28, em 29 de janeiro passado, da autoria do Sr. José d’Olim, com relação ao Dia Mundial da Religião. Essa efeméride foi estabelecida com a finalidade de celebrar a diversidade das religiões e afirmar o efeito positivo que a religião pode exercer na sociedade. À medida que o mundo vai se tornando cada vez mais interconectado através dos meios de comunicação, transporte e comércio rápidos, torna-se cada vez mais evidente que a humanidade é uma só. Os problemas que a humanidade hoje encara, incluindo o aquecimento global, a poluição, os extremos de riqueza e pobreza, a ameaça de mais uma Guerra Mundial exigem que alcancemos soluções consensuais que nos permitam implementar conjuntamente. Isso nos obriga a reconhecer a unidade essencial de todas as raças, grupos étnicos, nações e religiões. “Que não se orgulhe aquele que ama o seu próprio país, mas sim aquele que ama o mundo todo. A terra é um só país e a humanidade os seus cidadãos.”2. De facto, na minha humilde opinião, e na qualidade de um dos membros da pequena Comunidade Bahá’i da Madeira, existem hoje muitas forças que estão a separar as pessoas, ao invés de as aproximar. O fundamentalismo religioso está a tornar torto o caráter de comunidades inteiras e até mesmo de nações. Os sistemas político-económicos têm possibilitado a pequenos grupos tornarem-se extremamente ricos, o que causa instabilidade nos assuntos mundiais. A Guerra Fria, que aparentemente estava a terminar no final do século passado, parece estar a dar sinais de querer voltar. A vontade de um engajamento numa cooperação coletiva a nível internacional está a ser atacada e intimidada pelas forças do racismo, do nacionalismo, e do sectarismo. “Estes não são dias de prosperidade e triunfo. O conjunto da humanidade está nas garras de múltiplas enfermidades”. Após a Segunda Guerra Mundial, um conflito tido como uma conflagração de terrível gravidade, Abdu’l-Bahá (1844-1921) dirigiu uma carta à “Organização Central para Uma Paz Duradoura”, em Haia, na qual ele assegurou que “nosso desejo pela paz não deriva meramente do intelecto: é antes uma questão de crença religiosa e constitui-se num dos eternos alicerces da Fé de Deus.” Abdu’l-Bahá observou que, para que a paz seja realizada no mundo, não basta que as pessoas estejam informadas sobre os horrores da guerra:“Hoje em dia os benefícios da paz universal são reconhecidos entre os povos e, de igual modo, os efeitos malignos da guerra são claros e evidentes para todos. Mas a este respeito, o mero conhecimento está longe de ser suficiente: é necessário um poder de implementação para a estabelecer no mundo.”Eu acredito, sim, que caminhamos, embora lentamente, para a tal almejada e sempre desejada “Paz universal”.

D. Pereira