Populismo Eleitoral

É vê-los, pelas 8h, num dos passadiços aéreos da via rápida, a esvoaçar a bandeira azul a defender a sua “iniciativa”. É vê-los a correr atrás da “máfia” instaurada para expulsar a “rataria”. É vê-los a correr inauguração atrás de inauguração de obras incompletas, quando há 10 anos atrás criticavam o seu anterior líder pelas obras feitas. É vê-los a preencher cada esquina e cada buraco com um cartaz vibrante e colorido cheio de frases feitas. “É este o momento”, gritam azulados de tanto esforço. “Juntos damos a volta isto”, proclamam outros cheios de verde esperança.” Cumprir no rumo certo”, apregoam tantos outros cobertos pelas suas batinas laranjas.

Correm esbaforidos criticando o excesso de publicidade e cartazes que enchem de ruído visual a nossa bela ilha. Discutem promessas sem nexo pedindo benefícios fiscais para as “zonas norte da ilha, pois são responsáveis pelas imagens fotográficas que atraem tantos turistas”, mas esquecendo-se que o trabalho de edição e montagem é realizado noutras partes da ilha e mesmo do país. É vê-los a formar partidos atrás de partidos, inclusive até pelos reformados e pensionistas. É ver a lista crescer e crescer, sem, no entanto, perceber quais as mais valias ou objetivos que defendem. É vê-los a apontar o dedo às falhas dos seus rivais, mas sem apresentarem soluções viáveis para os problemas atuais da nossa sociedade.

É isto, meus amigos, que se tornou a política na nossa ilha e do nosso país. Onde estão as propostas organizadas e ideias estruturadas que visam melhorar a nossa sociedade? Onde estão as promessas cumpridas de forma eficiente? A política, que nasceu com um propósito nobre, de dar a voz ao povo, de organizar e estruturar sociedades para permitir a evolução do ser humano e das suas comunidades como um todo, apoiando as suas áreas mais críticas, tornou-se, na nossa bela ilha, num jogo de interesses, acusações e puro populismo. São poucos aqueles que ainda defendem este propósito nobre, pois para muitos o importante é tão simplesmente manter ou obter um cargo que lhes permita trocar influências e favores, apostando não na evolução da sociedade, mas sim nos interesses privados dos poderes instaurados.

O povo, o verdadeiro alvo da propaganda desmedida que enche as nossas vidas nos últimos meses, adormece revoltado, recusando-se a cumprir o seu papel neste jogo e deixando que balança do poder seja manipulada na altura de exercerem o seu direito. Por isso, mais do que nunca, urge cumprir o nosso dever, urge mostrar a nossa insatisfação. Temos voz, temos direitos e somos quem decide quem nos governa. E é tanto nosso direito como nosso dever usarmos este poder de decisão. Queremos revolução?! Estamos cansados?! Então votemos! Cumpramos o nosso dever e façamos a nossa voz se ouvir em vez de ficarmos apáticos à espera de uma solução!

Um bem-haja a todos!

Hélder Pestana