O “novo” PIB regional

Num ápice passamos de uma das regiões mais ricas da Europa a uma das mais pobres. Durante umas duas décadas vendeu-se a ilusão de que o forte investimento público tinha alavancado com tal intensidade a economia do sector privado que este tinha gerado tanta riqueza que estaríamos ricos. O que se passou é que de uma forma errada e propositada se incluiu no cálculo do PIB o efeito da Zona Franca para que se pudesse convencer a população de que a riqueza estaria a ser originada pelo forte investimento público. Uma diretora dos Fundos Europeus até foi exonerada porque teve o atrevimento de dizer a verdade e que isso estaria inclusive a prejudicar a Madeira na obtenção de maiores apoios comunitários. Finalmente encarada a realidade nua e crua, podemos dizer que os investimentos públicos efetuados não alavancaram a economia do sector privado, o que já se suspeitava, face ao despovoamento da região prova de que a falsa riqueza apregoada não beneficiava a grande maioria da população mas apenas as grandes construtoras. A atual política vai no mesmo sentido. Mas agora para fundamentá-la usa-se outro estratagema apregoando-se aos quatro ventos que a região cresce há 70 meses consecutivos. Trata-se de uma nova forma de iludir a população pois o desemprego continua o mais alto do país assim como a pobreza. Mais uma vez caminhamos para o crescimento do endividamento que no futuro irá implicar uma agravamento da carga fiscal porque os novos investimentos são de idêntica natureza aos do passado. Assumido o pressuposto, de que idênticas soluções não conduzem a resultados diferentes, não se verificará novamente a alavancagem da economia do sector privado pelo que faltarão as receitas fiscais necessárias para amortizar a dívida. E sendo assim só o agravamento da carga fiscal e/ou a contração de novos empréstimos permitirão o equilíbrio financeiro das finanças públicas.

Manuel João Baptista Rosa