O dia do Pobre

Segundo li algures, no dia 17 de Novembro celebra-se o Dia Mundial do Pobre.

Qualquer pessoa tem pena do pobrezinho, dá uma esmola ao pobrezinho, faz caridade em favor dos pobrezinhos para ganhar indulgências. Evidentemente, quando alguém vê uma pessoa com fome, o primeiro gesto é dar-lhe de comer, que é a primeira obra de misericórdia que aprendi no catecismo.

Porém, é caso para perguntar: por que razão existem pobres. Os noticiários informam-nos diariamente que as desigualdades económicas aumentam a cada dia que passa. Muita gente ganha ordenados que não chegam para alimentar a família, ter uma casa decente, educar e instruir filhos/as nesta época tão exigente em conhecimentos. Porquê? Comparando o salário mínimo de Portugal com o da vizinha Espanha temos uma diferença que talvez seja superior a 500 euros. Porquê? Porque as empresas não estão equipadas devidamente para produzir o suficiente de modo a aumentar os salários. Toda a minha vida coloquei estas questões e ouvi sempre respostas parecidas com esta. Então a maioria dos portugueses e portuguesas estão condenadas à pobreza e à exclusão social?

E toda esta tragédia acontece no nosso país, que é o 3º no envio de remessas de dinheiro para os paraísos fiscais! Segundo informações divulgadas, Malta, Chipre e Portugal estão à frente no envio ( ou desvio) de verbas, aos milhões, para os paraísos fiscais. Aqui está: o dinheiro sai, o país fica mais pobre e depois falta, sobretudo, para os mais fracos.

Outra discussão que está na ordem do dia é que as máquinas substituem o trabalho humano, de modo que as empresas não precisam de tanta gente a trabalhar e por causa disso vão muitos para o desemprego. Então as máquinas não prestam? Só servem para desgraçar pessoas? Não! As máquinas são boas, mas estão nas mãos dos empresários, que se servem delas para explorar os trabalhadores. Se as máquinas realizam muito trabalho, é possível que os empregados trabalhem menos, ganhando melhor, pois há mais rendimento que também deve beneficiar quem trabalha.

Mas não é isto que acontece! Fica tudo na mãos dos poderosos, que metem muita gente no desemprego e, em contra-partida, promove-se o trabalho voluntário (gratuito), evita-se pagar horas extras à força de chantagem, os que estão ao trabalho são obrigados a trabalhar, muitas vezes, até à exaustão, para satisfazer a ganância dos poderosos.

E que pensam disto as pessoas sérias, caridosas e bem pensantes? Muitos acham que assim têm oportunidade de fazer obras de misericórdia; outros tapam os ouvidos para não se preocuparem com os problemas alheios; e ainda alguns acham que sempre houve pobres e que sempre haverá. E pronto. Mas eu continuo a contestar este modelo social que cria muitos pobres e alguns ricos que cada vez acumulam mais dinheiro em detrimento da maioria do povo e do país.

PS - LULA LIVRE- A luta persistente contra a injustiça, o medo e a ditadura teve um desfecho feliz, não sabemos por quanto tempo. A América Latina está em luta. Os povos querem governantes capazes de defender os cidadãos e as nações.Assim seja!