Do género humano, sem dúvida

Nos primórdios da RTP, tal e qual ainda muito jovem como ela e sem outras opções como agora, quase éramos obrigados a passar os serões com concursos, noites de teatro, programas de variedades, 7ª arte, TV rural, Charlas Linguísticas, João Villaret, Folclore, Touradas, etc. Sobre este último tema, lembro-me muito bem da beleza das Corridas de Gala à Antiga Portuguesa, dos coches puxados por cavalos luxuosamente aparelhados, dos trajes de séculos passados de todos os intervenientes, os toiros bravos, a pegas, enfim, adorava ver tais espectáculos. Apesar disto tudo, nunca tive a oportunidade de ver uma ao vivo e muito menos considerar-me aficcionado. O tempo voou e passadas meia dúzia de décadas, reparo que nunca mais de lembrei dos tais espectáculos e se não fosse esta discussão entre os prós e os contras penso que não voltaria a lembrar-me das touradas. Mas já que me aguçaram o apetite, não para as touradas, mas para a discussão, eis a que conclusões cheguei depois de ter começado a acompanhar a questão. Do lado dos prós, tenho visto os defensores a defenderem os seus pontos de vista com educação e fidalguia. Do lado dos contras tenho assistido a provocações dentro e fora das arenas, agressões, tentativas de impedimento de espectáculos devidamente licenciados e por isso autorizados, fanatismo na defesa dos seus pontos de vista como ainda agora, a respeito da tradicional largada de touros nas festas de San Fermin em Espanha, um apoiante do contra veio regozijar-se por poder ver os touros a baterem forte e feio nos aficionados. Talvez seja por estas e por outras que no último ano a assistência a estes espectáculos teve um aumento de 25% espectadores. Depois disto, de que lado hei de estar? Muito amigo dos animais, mas sem dúvida alguma do lado do género humano.