Campo inclinado

Quis a TVI passar a ideia que só na Madeira é que há prepotência do poder, medo e compadrio. Com o Governo ausente do debate ‘Alexandra Borges’, o que é incompreensível e lamentável, a Região teve a sorte de ter duas pessoas inteligentes naquela conversa, que a meu ver minimizaram alguns estragos.

Vá lá que os insuspeitos Ricardo Oliveira e Garcia Pereira tiveram bom senso de repor algumas verdades, atenuando a má imagem que o continente tem actualemente da Madeira.

A questão de fundo não é um exclusivo desta autonomia escrava dos mesmos há mais de 40 anos. Isso do governo e câmaras beneficiarem os do costume, com ajustes directos suspeitos e concursos à medida, deve-se à lógica instalada em vários domínios.

É verdade que os cadernos de encargos são concebidos com nuances que privilegiam quem tem mais meios, mais maquinaria, mais currículo, mais conhecimentos, mais dinheiro. É verdade que há sempre uma alínea exigente que mesmo sendo de preenchimento improvável terá resposta adequada. É verdade que há vencedores preferenciais e fiscalizações duvidosas. É verdade que estas práticas têm barbas e réplicas noutros sectores da vida pública.

Fazendo paralelismo com o futebol, por muito que mudem as regras, haja VAR e outras variedades, quem é que ganha habitualmente o campeonato? De certeza que não é o Chaves, o Marítimo ou o Nacional. Quem é sistematicamente mais beneficiado? Quem é influente e fala grosso ou os que são talentosos, mas não são capazes de reposicionar o campo inclinado?

Rui Sousa