Animais (supostamente) errantes

Muito se tem escrito e dito através dos meios disponíveis de comunicação social e em especial nas redes sociais sobre os supostos animais errantes. O que me intriga é que, um cão abandonado, sujo, com fome, traumatizado e fugindo dos perigos que o rodeiam, não é propriamente um animal errante. Este e outros (muitos, imensos) animais abandonados, não são na minha modesta análise animais errantes. São, isso sim, animais abandonados ou enjeitados e entregues ao seu próprio destino. Pode-se facilmente imaginar que destino tem a maioria destes pobres animais que, por certo, não se cansaram dos seus donos, mas sim pelo contrário. Por vários motivos e com particular incidência, são os cães as grandes vítimas de um comportamento humano difícil de explicar e muito mais difícil de entender. Como é que se pode explicar que, aquele cãozinho que outrora foi amado, estimado, pelo seu dono/dona, recebeu beijos, abraços e festinhas e que até dormiu na mesma cama, um dia só porque deixou de ser aquele peluche ternurento de então e se tornou adulto com todas as características próprias de um canino extrovertido, eis que, é tomada uma decisão. O “fusca” (nome fictício) é levado para bem longe de casa, da sua casa, do seu mundo, atirado literalmente à sua sorte em terra desconhecida (!). A partir daí e sem olhar para trás, foi só acelerar o carro ficando com uma última imagem através do retrovisor, daquele que se diz ser o melhor amigo do homem...e nunca o contrário. E agora, com um pouco menos de modéstia e julgando este acto de total e completa irracionalidade e frustração, qual dos dois será o verdadeiro animal errante?