44 anos envergonhados

Foi com imensa tristeza para o portugueses amantes da democracia e liberdade que o 25 de Novembro de 1975 não pudesse ter sido festejado com toda a dignidade. Os órgãos de informação quase não falaram na efeméride. Os órgãos de soberania, idem. Não seria a Assembleia da República o local ideal para que tivesse sido prestada uma homenagem aos comandos? Ou tiveram receio que fosse mostrado ao mundo uma parte de hemiciclo sentado sem aplaudir dando dessa forma razão à União Europeia que equipara comunismo ao nazismo?

O Presidente da República, para não ferir susceptibilidades, convidou para Belém Ramalho Eanes para um almoço a sós. Depois de 48 anos amordaçados, 44 anos envergonhados. Se as forças antidemocráticas tivessem saído vitoriosas, quem sabe se não estaríamos ainda hoje debaixo duma feroz ditadura vinda do leste. Não haverá lá numa gaveta umas condecorações para os comandos que tombaram naquele dia para salvar Portugal? Ou estarão reservadas para individualidades que mais tarde serão obrigadas a devolve-las por indecente e má figura?

Depois destas ofensas à memória daqueles que tombaram pela Pátria, não achem estranho que as forças populistas estejam a despontar.