Turismo

Turismo moçambicano perde 7 milhões de euros em três meses devido a confrontos

O conflito armado em Moçambique provocou perdas  diretas na indústria de turismo de 7,3 milhões de euros em apenas três meses,  segundo um estudo da Associação de Comércio e Indústria de Sofala e da agência  norte-americana USAID.

Os dados, hoje apresentados em Maputo pela consultora Ema Batey, que  preparou o estudo Custo do Conflito no Turismo em Moçambique para aquelas  instituições, indicam que, entre novembro de 2013 e janeiro de 2014, os  confrontos que opõem o principal de oposição, Resistência Nacional de Moçambique  (Renamo) e o Governo, tiveram uma relação direta com as perdas no setor,  mais acentuadas no turismo de lazer do que no turismo de negócios.

Os empresários, explicou a consultora norte-americana, apesar de conhecerem  as situações de ataques armados que desde abril do ano passado ocorrem no  centro do país, não estão dispostos a deixar os confrontos interferirem  nas suas atividades.

No estudo, é apontado o caso concreto de Vilanculos, na província de  Inhambane, sul do país, que teve uma perda de 50% do seu volume de negócios  entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano.

Noutra comparação, Batey refere que, em Vilanculos, a taxa de ocupação  em março foi de 5% a 10%, contra 35% a 60% em 2011, sinalizando que o impacto  dos confrontos militares, centrados na província de Sofala, é mais abrangente.

"O impacto do declínio no setor afeta os operadores comerciais locais,  as vendas e todas as cadeias de valor", disse Batey, lembrando que o turismo  contribui com 85% das receitas locais.

A notícia de um ataque atribuído à Renamo em Maxixe, Inhambane, e que  ser revelou não ser verdadeira, levou ao cancelamento das reservas de 95%  de turistas europeus numa unidade local.

Ema Batey alertou porém que o conflito armado não é a única ameaça que  o turismo moçambicano enfrenta, existindo outros problemas sistémicos.

"O atual clima de instabilidade politica apenas constitui a ponta do  iceberg, ou a cereja em cima do bolo", afirmou.

O elevado custo das passagens aéreas, o assédio aos turistas pela polícia,  mecanismos de apoio aos visitantes pouco fiáveis, a falta de funcionários  qualificados e o medo de roubos e assaltos foram também apontados pela especialista  norte-americana.

O estudo recomenda, entre várias medidas, ao Ministério do Turismo moçambicano  e outras entidades a difundir, através dos meios de comunicação social locais  e estrangeiros, mensagens de confiança aos operadores turísticos e seus  clientes.