Turismo

Histórico hotel Mirassol em Gaia em ruínas

O antigo hotel Mirassol, situado em frente à praia de Miramar, em Gaia, está abandonado há mais de 15 anos e, apesar de várias promessas e até projetos arquitetónicos, continua em ruínas e sem interessados na sua reabilitação.

Construído na década de 1950, o hotel chegou a ser uma das estâncias turísticas da região Norte mais procuradas durante o verão mas, com o decorrer dos anos e a construção de edifícios adjacentes, acabou por perder o seu encanto, encerrando portas na década de 90.

Em 2002, o então presidente da câmara de Gaia assistiu à demolição de parte do hotel, especificamente os edifícios adjacentes que classificou que “imóveis mal construídos e um exemplo de desordenamento urbanístico” de “mau gosto”.

A demolição inseria-se ainda num projeto arquitetónico que ali previa a construção de uma unidade hoteleira, recuperando o edifício inicial do antigo hotel, que deveria ter-se tornado num empreendimento de férias para os associados do Cofre de Previdência dos Funcionários e Agentes do Estado.

O projeto previa tornar o Mirassol num Aparthotel de quatro estrelas com 98 apartamentos mas, “por mudança de direção” do Cofre de Previdência, “a [direção] que a substituiu entendeu desistir dessa construção, tendo vendido o terreno e o projeto a uma outra entidade”, numa transação efetuada entre 2006 e 2007, contou à Lusa o responsável do atelier de arquitetura que preparou o projeto.

Em 2008 era anunciado que o Mirassol ia ser finalmente reconstruído, após ter sido comprado por uma empresa – Simoga – parcialmente detida por alguns acionistas do Grupo Salvador Caetano.

Um ano depois, porém, a Simoga mudou de ideias e começou a negociar a venda do imóvel, que é agora detido pela AutoPartner Imobiliária, SA, uma empresa que pertence ao Grupo Salvador Caetano.

Apesar de em 2011 o então presidente da câmara de Gaia, o social-democrata Luís Filipe Menezes, avançar que com a requalificação dos mais de 15 quilómetros de orla marítima do concelho, o hotel seria reabilitado “a curto prazo”, a verdade é que o mesmo continua ao abandono e em ruínas.

Em declarações à Lusa, o responsável pela Comunicação Corporativa do Grupo Salvador Caetano explicou que “o core business [especialização] da Autoparner é a intermediação imobiliária e não o desenvolvimento hoteleiro”, pelo que nem as obras irão arrancar a curto prazo, nem foi ainda encontrado novo comprador para o Mirassol.

Já a câmara de Gaia, agora presidida pelo socialista Vítor Rodrigues, contou à Lusa que “ainda não foi declarada a caducidade do deferimento do pedido – feito por uma empresa do Grupo Salvador Caetano – de licenciamento de obras e edificação para a construção de uma Unidade de Serviços Turísticos e Médico-Sociais”.

Mais acrescentou a autarquia que “não há perspetiva que as obras avancem em breve, embora não haja qualquer tipo de bloqueio por parte da câmara nem do Grupo Salvador Caetano, estando apenas a aguardar potenciais parceiros interessados na concretização do projeto”.