Alentejo "dá cartas" no enoturismo e prepara novidades para 2014
A criação de roteiros enogastronómicos, nos quais o enoturismo vai merecer destaque, é um dos novos produtos em preparação, promovido pela Agência Regional de Turismo do Alentejo, que os prevê lançar "em junho do próximo ano".
"Vão da produção ao prato, para as pessoas poderem ver como se produzem os vinhos, mas também como se confecionam enchidos, queijos e outros produtos tradicionais", explicou à agência Lusa António Ceia da Silva, presidente da Turismo do Alentejo.
Inseridos no projeto "Alentejo Bom Gosto", estes roteiros vão ser comercializados por operadores turísticos, permitindo "reforçar o enoturismo e a visita às adegas".
Em conjunto com a agência de promoção externa, a Turismo do Alentejo tem "fechada" outra novidade para 2014, que consiste na venda do território, com base no produto Gastronomia e Vinhos, no mercado inglês.
"Já acordámos essa venda com um operador inglês", pelo que, no próximo ano, os enoturismos que vierem a ser incluídos no pacote "vão ter que estar preparados para receber os turistas ingleses, com materiais e promoção adaptados a esta língua", indicou.
O enoturismo, cujo Dia Europeu se comemora no domingo, tem dado passos firmes no Alentejo. A primeira destas unidades a ser certificada no país foi, precisamente, alentejana, a da Herdade do Esporão, aberta 1997 e que é hoje uma das mais procuradas da região, com cerca de 40 mil visitantes por ano.
Mas são "vários os casos de sucesso" ao nível do enoturismo no Alentejo, que "não fica atrás de nenhuma outra região", defendeu Ceia da Silva.
"O que não temos ainda é massa crítica, ou seja, não temos um número elevado de turistas que permita sustentar, muitas vezes, unidades de enoturismo abertas em permanência", afirmou.
Mas é um negócio com "muita relevância", porque a região "tem enorme qualidade na produção de vinhos" e é procurada por "segmentos de mercado interessados especificamente" na área.
A presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Dora Simões, também conhece bem o potencial da região para o enoturismo, mas reconheceu à Lusa que nem todos os produtores o aproveitam da mesma forma.
"Nem todas as empresas têm o mesmo estádio de desenvolvimento, mas há já um número significativo delas que investiu de modo sério neste negócio para receber os turistas e, assim, fidelizá-los aos seus vinhos", disse.
Nos últimos anos, realçou, "cada vez mais adegas têm estruturas" vocacionadas para essa área, por exemplo com sala de provas, loja de vinhos, guias ou mesmo restaurante, tendo, ao mesmo tempo, "aumentado o número de visitantes".
Um dos indicadores que confirmam este crescimento é a Rota dos Vinhos do Alentejo (RVA), "nascida" em 1997, com 16 adegas, e que conta hoje com "66 adegas associadas".
Em 1997, 1.611 pessoas visitaram produtores de vinho da região, aderentes à Rota, mas, atualmente, "esse número de turistas já ronda os cinco mil por ano", frisou Dora Simões.