Turismo

Easyjet deixa clientes sem subsídio

Companhia acusada de não enviar as facturas. A DECO tem 20 queixas só no 1.º trimestre

A companhia de aviação britânica de baixo custo, easyjet, tem sido acusada de dificultar a vida aos clientes madeirenses que viajam para o continente e que depois requerem a factura para receber o subsídio de residente. A DECO - Associação de Defesa do Consumidor, contabiliza nos primeiros três meses do ano um total de 20 reclamações de passageiros daquela companhia por incumprimento do que está na lei.O processo, ao que apuramos, passa por simplesmente não responder ou adiar ao máximo possível as respostas dos clientes, ao ponto de o prazo de 90 dias não ser cumprido. Ou seja, em muitos casos o cliente fica mesmo sem o subsídio. A própria DECO garantiu ao DIÁRIO que uma das grandes dificuldades que sente é precisamente nos contactos com a easyjet, que nunca responde aos pedidos de esclarecimento. Nem neste caso do subsídio de mobilidade, nem em outros casos.Instituído há precisamente cinco anos (portaria de 23 de Abril de 2008), o montante de subsídio a atribuir pelo Estado aos beneficiários do regime do subsídio social de mobilidade, continua a ser um atractivo para quem quer viajar. Sobretudo para os estudantes que são passageiros frequentes desta companhia, que pratica preços reduzidos, muitas vezes no limite para garantir ao cliente o direito a beneficiar do valor do 30 euros por percurso, 60 euros ida e volta.Por exemplo, se reservasse na quarta-feira uma viagem 'last minute' para viajar no dia seguinte para Lisboa, o bilhete mais barato custaria cerca de 93 euros e o regresso dois dias depois (sábado) custaria 109 euros. Ou seja, 202 euros, com direito a receber 60 euros, ainda assim a viagem custaria 142 euros. Se reservasse a viagem para daqui a um mês (23 de Maio) pagaria cerca de 68 euros e quisesse regressar a 25 de Maio pagaria mais 60 euros. Na prática, recebendo o subsídio, pagaria apenas 68 euros. Se quisesse uma reserva a longo prazo, em Novembro por exemplo, pagaria na ida 28 euros e no regresso 23 euros. No fundo, acabaria por pagar 48 euros, mas não teria direito ao reembolso.Segundo uma denúncia chegada ao DIÁRIO, "nos últimos tempos a easyjet não envia as facturas das viagens realizadas para que seja possível ter acesso ao subsídio de residentes", informa o madeirense. "O meu filho estuda no continente e como sabem os estudantes são os que mais beneficiam deste subsídio. Tenho conhecimento de muitos casos em que os estudantes e madeirenses em geral ficam sem os subsídios porque a easyjet pura e simplesmente não responde às solicitações de facturas. Para além de ser ilegal, pois permite a fuga aos impostos, é imoral", alega.Na sua página online, a easyjet dedica um espaço próprio para os residentes que pretendam requerer as facturas e "agilizar o processo". Numa passagem do texto informativo é referido: "Se é residente na Madeira e gostaria de obter uma factura que lhe permita receber o subsídio atribuído pelo Governo, está no sitio certo. Basta completar este formulário com todos os detalhes respeitantes ao seu voo e enviaremos uma factura para o endereço que indicou no momento da reserva, num prazo de 10 dias úteis."O DIÁRIO tentou saber junto da easyjet o que a companhia teria a dizer em sua defesa sobre esta denúncia. As questões, para o normal exercício do contraditório, foram feitas a 18 de Abril, mas até à data não recebemos qualquer resposta.