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Visão de um turista americano sobre as ilhas do Faial e Pico no século XIX em livro

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O Núcleo Cultural da Horta, nos Açores, lança na sexta-feira um livro que retrata a visão de um turista americano sobre as ilhas do Faial e do Pico no século XIX.

O livro, “Os dias de Charlie nas Western Islands -- As ilhas do Faial e do Pico na visão de um turista americano a meados do século XIX”, tem por base a correspondência enviada da ilha do Faial, por Charles Hickling, para familiares nos Estados Unidos da América (EUA), durante o ano de 1866.

“Ao mesmo que foi vivendo o quotidiano faialense durante o período que permaneceu na ilha do Faial, Charles Hickling escreveu para a família, para Boston, longas cartas que são relatos que, por vezes, assumem a forma de diário, descrevendo o que vê, as suas experiências e as manifestações verificadas na sociedade”, disse à agência Lusa Ricardo Madruga da Costa, um dos autores do livro, juntamente com Carlos Guilherme Riley e Isabel Soares de Albergaria.

O historiador Ricardo Madruga da Costa adiantou que Charles Hickling, familiar de Thomas Hickling, vice-cônsul dos EUA para as ilhas de São Miguel e Santa Maria, “fez como que uma reportagem detalhada” do dia-a-dia da cidade da Horta, assim como da ilha do Pico, onde também permaneceu durante algumas temporadas, na residência de verão da família Dabney.

Segundo este responsável, as cartas de Charles Hickling, que viveu no Faial cerca de um ano, alegadamente por razões de saúde (andava de cadeira de rodas), constituem um “testemunho interessante e muito rico”, face aos detalhes que enviou para a família.

Ricardo Madruga da Costa explicou que, durante a sua permanência, Charles Hickling manteve uma presença “quase diária” nas residências da família Dabney, de origem americana, que teve uma forte presença na ilha do Faial e nos Açores.

John Bass Dabney foi nomeado cônsul dos EUA nos Açores, em 1806, tendo-o sucedido o seu filho Charles William Dabney, em 1826 e, mais tarde, o neto, Samuel Dabney, em 1872.

A família Dabney incrementou o movimento do porto da Horta, através da importação e exportação, sobretudo do vinho do Pico, mas também da aguardente, laranja e óleo de baleia, através do abastecimento de baleeiras, do fornecimento do carvão e da reparação de navios, assegurando ainda a ligação entre os Açores e os EUA.

Para Ricardo Madruga da Costa, a obra constitui uma mais-valia para se compreender ainda melhor o século XIX na ilha do Faial, que os anais da família Dabney já revelavam.

O docente jubilado referiu, ainda, que a capa do livro tem a particularidade de revelar, pela primeira vez, a cores, uma gravura que retrata a primeira residência dos Dabney nos Açores, mandada construir por John Bass Dabney.

Este projeto envolveu a recolha e tratamento de epistolário existente na Massachusetts Historical Society, em Boston, sendo a sua edição resultado da cooperação entre o Núcleo Cultural da Horta e a Direção Regional da Cultura.

O lançamento decorre às 21:00 locais (mais uma hora em Lisboa) de sexta-feira, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, na Horta.