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São João da Madeira declama Carlos Tê e Ondjaki em cafés, centro de saúde e autocarros

Foto: Shutterstock
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O festival Poesia à Mesa, que arranca sexta-feira em São João da Madeira, levará a cafés, fábricas, autocarros e centro de saúde os versos de autores como Ondjaki e Carlos Tê, anunciou a organização.

Até 23 de março, a 17.ª edição do evento organizado pela câmara local também privilegiará a obra de Adília Lopes, Ana Paula Inácio, Almeida Garrett (1799-1854) e Sidónio Muralha (1920-1982) num programa que combina concertos e outros espectáculos em sala com concursos de poesia, exposições, uma feira do livro e declamações por ‘diseurs’ profissionais ou espontâneos em diversos outros espaços da cidade.

Em anos anteriores, a organização já levava os recitais a restaurantes, cafés, padarias, escolas, fábricas e até ao mercado municipal, recorrendo para isso a declamações ao vivo ou a versos impressos em materiais como toalhetes de mesa, bases de chávenas, sacos de pão, aventais ou lápis, mas este ano há três novos cenários a considerar: o centro de saúde local, o centro comercial 8.ª Avenida e os autocarros da rede pública gerida pela autarquia.

“Temos uma programação de luxo neste festival extraordinário, que tira a poesia da sua redoma e a leva às situações mais improváveis, onde as pessoas estão nas suas actividades quotidianas”, declarou hoje o presidente da autarquia, Jorge Vultos Sequeira, na conferência de imprensa em que apresentou o programa da edição de 2019.

No caso do centro de saúde de São João da Madeira, por exemplo, a iniciativa envolve este ano “receitas poéticas” a distribuir por médicos e enfermeiros aos utentes dessa unidade, nos dias 13 e 20 de março.

A proposta parte do princípio de que “a poesia também ajuda a curar a alma” e, nessa medida, as prescrições clínicas vão receitar “a quem não está bem de saúde” poemas seleccionados que, segundo o presidente da câmara, ajudarão esses pacientes a serem “mais felizes, mais satisfeitos, mais plenos”.

No ‘shopping’ 8.ª Avenida, por sua vez, o objectivo é incentivar frequentadores desse espaço comercial a testarem o seu talento para a declamação, pelo que “o microfone estará aberto a quem aí quiser dizer poemas na manhã do dia 16 de março”, num estímulo à descoberta desse género literário “sobretudo pelos mais novos”.

Já na linha de autocarros urbanos do concelho, os declamadores serão utentes locais da Cooperativa de Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado e também alunos da Universidade Sénior, que, de 19 e 21 de março, aí darão a conhecer parte da obra dos autores homenageados no festival de 2019.

Todas as viagens serão gratuitas para estudantes das escolas locais, sendo que, para os restantes passageiros, o bilhete para trajecto e espectáculo custará 70 cêntimos.

Em diferentes momentos e formatos, a edição de 2019 da Poesia à Mesa vai contar ainda com a participação de artistas como o cantor Adolfo Luxúria Canibal, o guitarrista António Chainho, a actriz e encenadora São José Lapa, e o poeta e jornalista Nicolau Santos, presidente do conselho de administração da agência Lusa e parte integrante do colectivo “Poesia & Jazz”.