Gatunos disfarçados
Aproveitando o precioso espaço, que nos cede o diário nas suas preciosas páginas, onde nós podemos expor as nossas opiniões, denunciar assuntos de interesse público, onde alertas de superior relevância, serão sempre úteis à população, venho denunciar um sistema usado por gatunos disfarçados.
Aconteceu comigo e, já lá vão três vezes.
O malabarista abordou-me pela primeira vez na zona dos Ilhéus, dirigindo-se a mim nos seguintes termos:
- Olá estás bom, por onde tens andado, há anos que não te vejo?- A família como vai?
- Já não me conheces? Etc., etc.
Apesar de eu dizer que não o conhecia, ele insistia no seu malabarismo, que eu comecei a ficar confuso, chegando mesmo a pensar, que o conhecia de alguma parte.
Numa demonstração de simpatia, ele abre uma caixa de cartão com relógios, pegando num deles para me oferecer, ao que eu recusei de imediato.
A insistência foi tanta que, pensando eu, que aceitando o relógio seria a melhor maneira de me ver livre dele. Puro engano; começa ele a pedir-me dinheiro pelo relógio e já com palavras violentas, me insultava alegando que, eu tinha dito que queria comprar o relógio, ao mesmo tempo que se recusava a recebê-lo de volta.
Valeu-me a rapidez com que lhe atirei o relógio para cima da referida caixa, arrancando com o carro na mesma rapidez e parando cerca de cinquenta metros à frente, simulando fazer um telefonema que o fez dispersar da zona também com muita rapidez.
Cerca de seis meses depois, o mesmo malabarista acercou-se de mim nos mesmos moldes (a dizer que me conhecia etc.), na zona do campo da Barca, desta vez com talheres para oferecer, mas como eu já conhecia o sistema, fi-lo dispersar de imediato.
Como não há duas sem três, no dia quatro deste mês de setembro, quando eu estava na estrada dos marmeleiros, a cerca de quinhentos metros abaixo do hospital dos marmeleiros, aparece-me um outro malabarista com sotaque continental, usando precisamente a mesma tática. Este tinha pacotes de café para oferecer, também se fez passar por meu conhecido, apresentando-me a mulher, dizendo que ela estava grávida, entre outros malabarismos. Lá consegui me livrar dele também, sem lhe dar espaço de manobra, valendo-me da experiência que eu tinha dos casos anteriores.
Deixo aqui o meu alerta, para que ninguém se deixe levar por desconhecidos, que fingem ser conhecidos, amigos, familiares etc.
Ninguém lhes dê oportunidade de diálogo e, muito menos aceitar as suas ofertas, tenham cuidado!
Olhem que não é fácil livrar-se deles.
Obrigado ao Diário por este precioso espaço, cedido nesta página das cartas do leitor, página esta, que tão útil tem sido à população.
J. M. A.