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Advogado acredita que Eduardo Montes mostrou que nada teve a ver com morte de Jéssica

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Foto JN

O advogado de Eduardo Montes, um dos arguidos no processo do homicídio de uma menina de três anos em Setúbal, afirmou hoje que as declarações do seu constituinte em tribunal demonstram que não praticou os crimes que lhe são imputados.

"O Eduardo Montes está aqui para se defender. Se isso tiver implicações [para alguns familiares], a responsabilidade terá que ser assacada a quem cometeu o crime", disse o advogado Paulo Camoesas, pouco depois de Eduardo Montes ter sido ouvido pelo coletivo de juízes do Tribunal de Setúbal.

De acordo com a acusação, Eduardo Montes, que responde pelos crimes de violação e tráfico de droga, e o pai, Justo Montes, vendiam droga proveniente de Leiria, onde residem vários familiares seus, com o auxílio das arguidas Ana Pinto (mãe de Eduardo Montes) e Esmeralda Montes (irmã), mas negou as acusações, admitindo apenas que é consumidor de haxixe, adquirido no bairro da Bela Vista, em Setúbal.

Quanto à acusação da alegada utilização da pequena Jéssica Biscaia para transporte de droga entre Leiria e Setúbal, no dia 18 ou no dia 19 de junho do ano passado, um dia antes da morte da criança, Eduardo Montes não só negou qualquer envolvimento como disse desconhecer esses factos em absoluto.

Na audiência realizada hoje de manhã no Palácio da Justiça de Setúbal, com duas horas de atraso devido à greve dos funcionários judiciais, Eduardo Montes garantiu que nada tinha a ver com as agressões e maus-tratos que causaram a morte de Jéssica.

Confrontado com fotografias da casa dos pais, Ana Pinto e Justo Montes, e com alguns objetos que terão sido utilizados para a prática de maus-tratos e para o transporte de droga no corpo da menina, nos dias 18 ou 19 de junho do ano passado, entre Leiria e Setúbal, Eduardo Montes respondeu sempre de forma serena, reiterando várias vezes que nada tinha a ver com isso.

Durante a audiência, Eduardo Montes garantiu também que as acusações que lhe são imputadas em nada correspondem à verdade, lembrando que entre 15 e 18 de junho esteve de férias em Espanha e que até apanhou uma multa de trânsito no dia 18, eventualmente quando já regressava a Setúbal.

Confrontado pelo tribunal, Eduardo Montes esclareceu que chegou a sua casa, por cima do andar onde residem os seus pais, Justo Montes e Ana Pinto, e a irmã, Esmeralda Montes, também arguidos no processo, no dia 18 de junho à noite, mas que não viu Jéssica nem sequer sabia que a menina estava na casa dos pais.

No dia 19 de junho, Eduardo Montes terá estado em casa durante a tarde e noite, mas nesse período também não se terá apercebido de nada que indiciasse os maus-tratos à criança.

Segundo a acusação, Jéssica, que morreu dia 20 de junho do ano passado no Hospital de São Bernardo, ficou retida durante cinco dias em casa de Ana Pinto para garantir o pagamento de uma divida da mãe, Inês Sanches, por atos de bruxaria.

Inês Sanches está acusada dos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão.   

Ana Pinto, o marido, Justo Ribeiro Montes, e a filha, Esmeralda Pinto Montes, estão acusados de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada.

Estes três arguidos e Eduardo Montes estão ainda acusados de um crime de violação agravado e de um crime de tráfico de estupefacientes agravado.

O julgamento deverá prosseguir hoje à tarde com a inquirição de várias testemunhas de acusação.