A segunda Infância
O número de idosos abandonados em hospitais e lares tem vindo a aumentar para números alarmantes. Não é fácil conciliar a corrida diária e atender às necessidades de quem mais precisa. Contudo, parece-me que é o mínimo que podemos fazer por aqueles que cuidaram de nós quando nós mais precisávamos; bem ou menos bem, a verdade é que fizeram o melhor que podiam com o que tinham e sabiam, tal como nós fazemos. Choca-me profundamente ver estas pessoas, que lutaram toda uma vida ficarem de canto que nem um trapo velho, simplesmente por estarem debilitados.
Mas depois, quando morrem, após se enxugarem as lágrimas derramadas no dia do funeral, esquecem-se de todos os ensinamentos transmitidos e lutam como galos palheiros para ver quem fica com as melhores jóias, com a melhor casa, com o melhor terreno, com mais dinheiro (quando os há). É esse o ensinamento que querem passar em diante? E se ficam condenados a passar pelo mesmo? A força e vitalidade não ficam imunes à passagem do tempo.
Há pessoas melhores que outras, mas os idosos precisam que tenhamos paciência com eles, como temos com as crianças. Eles precisam de conversar, interagir conosco, de demonstrações de afecto e de sentir que são importantes nas nossas vidas. E podemos aprender tanto com eles, sobre a vida, sobre as suas experiências, sobre quem somos no fundo. Tenhamos, sobretudo, respeito por quem fez tudo por nós. É fácil? Não é! Mas meia hora de atenção ininterrupta pode, efectivamente fortalecer essas pessoas que já estão frágeis e tão cansadas.
João Diz