Madeira

Rita Andrade defende diferenciação das regiões ultraperiféricas no estudo da pobreza

Secretária regional de Inclusão Social e Cidadania aponta que utilizar indicadores iguais em toda a Europa "reverte a realidade"

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Governante destaca que o estudo da Rede Europeia de Anti-Pobreza vai permitir traçar o quadro real da situação na Região Autónoma da Madeira

A secretária regional de Inclusão Social e Cidadania, Rita Andrade, defendeu esta sexta-feira, 3 de Março, a diferenciação das regiões ultraperiféricas nos estudos de pobreza da Europa. A governante acredita que a utilização dos mesmos indicadores de forma generalizada contribui para alterar a realidade. 

A pobreza que estudamos, que são números que são publicados anualmente aferem um conjunto de indicadores que são iguais em toda a Europa, em Portugal, nas regiões autónomas... Sinto que tínhamos de trabalhar alguns indicadores que diferenciassem as regiões não só insulares, mas como ultraperiféricas, como é o caso da Madeira porque são indicadores que realmente revertem a realidade. Rita Andrade, secretária regional de Inclusão Social e Cidadania

A governante falava à margem da apresentação do Estudo de Caracterização da Pobreza na Região Autónoma da Madeira da A Rede Europeia Anti-Pobreza de Portugal, que decorre no Colégio dos Jesuítas, na cidade do Funchal, um estudo de investigação que permitirá traçar "de forma independente" o quadro real da situação no arquipélago madeirense, aponta Rita Andrade. 

Rede Europeia Anti-Pobreza avança com Caracterização da Pobreza na Região

Estudo de investigação vai decorrer mediante um protocolo estabelecido com a Secretaria Regional de Inclusão Social e Cidadania

A Rede Europeia Anti-Pobreza de Portugal, através do Núcleo Regional da Madeira, vai avançar este ano com o primeiro Estudo de Caracterização da Pobreza na Região Autónoma da Madeira para o Governo Regional da Madeira. A investigação foi encomendada no âmbito da Estratégia Regional de Inclusão Social e Combate à Pobreza.

Estamos a tentar ir mais longe em termos deste diagnostico, feito por uma entidade independente, em articulação com um conjunto de instituições regionais, sentimo-nos realmente seguros, vai ser um trabalho feito de forma independente que nos vai ajudar a ficar mais fortes relativamente ao trabalho que estamos a fazer nesta matéria, só deste modo podemos intervir ainda melhor. Rita Andrade, secretária regional de Inclusão Social e Cidadania

A pobreza "não se limita à questão do rendimento"

A coordenadora do Estudo de Caracterização da Pobreza na Região Autónoma da Madeira da Rede Europeia Anti-Pobreza, Elizabeth Santos, alerta que a definição de pobreza "não é só uma definição de rendimento2, mas sim "a noção de que está em situação de pobreza, de que não tem acesso a recursos, a competências e a oportunidades que permitam ter acesso a uma vida digna". 

A pobreza é um fenómeno muito complexo e multidimensional, onde em causa não está só rendimento, está saúde, habitação, educação e desenvolvimento económico. Elizabeth Santos, coordenadora do Estudo de Caracterização da Pobreza na Região Autónoma da Madeira 

Dirigindo-se aos jornalistas, a responsável explicou que a investigação desenvolver-se-á durante 18 meses, através da "triangulação de vários métodos", nomeadamente a recolha de dados estatísticos, o inquéritos a 400 pessoas, bem como entrevistas em profundidade a 80 pessoas.

Será muito importante para conhecermos a verdadeira situação de pobreza, nós sabemos, através do inquérito à situação de vida e rendimento, qual é a taxa de pobreza e exclusão social o que falta é conhecer o perfil, quem são estas pessoas, quais são as suas vulnerabilidades, o que falta na vida dessas pessoas. Elizabeth Santos, coordenadora do Estudo de Caracterização da Pobreza na Região Autónoma da Madeira 

A especialista explica que a Região Autónoma da Madeira apresenta "contextos específicos, de insularidade" e confessa que "há muito trabalho a fazer" no combate da pobreza, mas destaca a vantagem da "existência de uma estratégia regional de combate a pobreza que já tem um plano de acção".