Madeira

Apanhou boleia para o próprio casamento e esteve 77 dias retido nas Selvagens

Conheça as 'estórias' de quem dedicou grande parte da vida à vigilância das ilhas Selvagens

Jaques, posa para a fotografia entre Miguel Albuquerque e Susana Prada.
Jaques, posa para a fotografia entre Miguel Albuquerque e Susana Prada., Foto Orlando Drumond

O já reformado Vigilante da Natureza Especialista, José Manuel Jaques da Mata, hoje homenageado pelos serviços prestados ao longo dos anos, chegou a passar 77 dias consecutivos retido nas Ilhas Selvagens, onde prestou serviço regular durante grande parte da carreira.

Além deste contratempo motivado pelo mau tempo que só viria a permitir a rendição de ‘Jaques’ ao cabo de dois meses e meio, outro episódio marcante na vida do Vigilante da Natureza foi ter sido obrigado a apanhar boleia num barco de pesca para poder chegar à Madeira a tempo do próprio casamento.

As duas situações marcantes na vida deste profissional, agora com 67 ano de idade, foram reveladas hoje, Dia Nacional do Vigilante da Natureza, por ocasião da homenagem que lhe foi prestada.

Soube então que o agraciado “teve de recorrer a uma traineira para poder regressar à Madeira a tempo do seu próprio casamento” e que “condições meteorológicas adversas o obrigaram a prolongar a estadia na Selvagem Grande durante 77 dias seguidos”.

Natural do concelho de Santa Cruz, Jaques, como é popularmente conhecido, iniciou a ligação à função pública em 1981, exercendo as funções de Guarda de 2ª Classe. A partir do ano seguinte começou a prestar serviço regular na Reserva Natural das Ilhas Selvagens.

A progressão na carreira de guarda vigilante da natureza culmina em 2008 com a promoção a Vigilante da Natureza Especialista. Pontualmente prestou serviço nas diferentes áreas protegidas da RAM, e em especial na Reserva Natural das Ilhas Selvagens, onde se destacou pela sua ímpar dedicação e empenho na protecção daquele tesouro natural. Colaborou com inúmeras equipas de investigadores que ao longo dos anos passaram pelas Selvagens, território onde sempre manifestou grande atenção à melhoria das condições de acesso e de habitabilidade.

Excelente anfitrião, deu a conhecer os recantos da Reserva Natural aos muitos madeirenses e estrangeiros, navegadores, investigadores e turistas, que por lá ‘aportaram’. Foi também anfitrião de altas entidades portuguesas e estrangeiras, com destaque para três presidentes da República, casos de Mário Soares, em 1991, de Aníbal Cavaco Silva, em 2013, e de Marcelo Rebelo de Sousa, em 2016.

No culminar de uma vida em grande medida dedicada às ilhas Selvagens, em 2019 recebeu merecido Louvor pelo zelo excepcional demonstrado no cumprimento dos seus deveres. O ano passado, em Setembro, foi agraciado pela Região Autónoma da Madeira com a Medalha de Mérito Turístico, e em Novembro, agraciado pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas com a Medalha da Cruz de São Jorge.

Esta quinta-feira, voltou a ser alvo de reconhecimento, ao ser homenageado pelos serviços prestados enquanto Vigilante da Natureza.