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PCP diz que mensagem de Marcelo mostra que partilha das visões do Governo

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O PCP considerou hoje que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República mostrou que, no "fundamental", partilha das visões do Governo, avisando que sem combate às desigualdades, a instabilidade governativa surgirá "independentemente da expressão institucional" do executivo.

"Neste início do novo ano, o que os portugueses esperariam ouvir do senhor Presidente era a afirmação do seu papel em fazer cumprir a Constituição e os direitos que nela estão consagrados", afirmou o dirigente comunista Jorge Pires numa reação ao discurso de Ano Novo do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, adiantando que "nesse plano" a mensagem foi "escassa".

Para Jorge Pires, a mensagem revela que, "no fundamental", o Presidente da República "não partilha de visões diferentes e opostas àquelas que o Governo tem seguido", assinalando, contudo, o objetivo do chefe de Estado "de defender um ano melhor e não perdido de 2023".

"Mas, isso consegue-se sobretudo com outras opções de política. Uma política que valorize os salários e pensões, que valorize os serviços públicos, que combata o aumento do custo de vida e dos preços, que assegure a produção nacional e o desenvolvimento do país", disse Jorge Pires.

Na tradicional mensagem de Ano Novo, este ano gravada na Embaixada de Portugal em Brasília, o Presidente da República, avisou hoje que só o Governo e a sua maioria "podem enfraquecer ou esvaziar" a estabilidade política existente em Portugal, considerando que a maioria absoluta dá ao executivo "responsabilidade absoluta".

"Está ao nosso alcance tirarmos proveito de uma vantagem comparativa -- que é muito rara na Europa e no mundo democrático -- e que se chama estabilidade política, ademais com um Governo de um só partido com maioria absoluta, mas, por isso mesmo, com responsabilidade absoluta", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre se considera que o Governo tem estabilidade para governar, Jorge Pires referiu que a estabilidade ou instabilidade que pode resultar da atividade do Governo é a que "resulte da estabilidade ou instabilidade da vida dos portugueses".

"Seguindo este percurso de agravamento das condições de vida, de perda de poder de compra por parte dos trabalhadores e reformados, não combater as desigualdades e injustiças, a instabilidade surgirá independentemente da expressão institucional do Governo", afirmou o dirigente comunista.

Na sua mensagem, o Presidente da República disse ainda que Portugal entra em 2023 obrigado "a evitar que seja pior do que 2022", que "não foi o ano da viragem esperada".

"Um ano depois, sabemos que, em Portugal, apesar daquilo em que estivemos melhor do que muita Europa, 2022 não foi o ano da viragem esperada e entramos em 2023 obrigados a evitar que seja pior do que 2022", alertou o chefe de Estado.